Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

A plateia gritou com um entusiasmo ensaiado o nome de Zélia Cardoso de Mello quando a ministra da Economia foi anunciada por Silvio Santos em um "Show de Calouros" de 1990. Escalada por Fernando Collor para justificar na TV o soluço da inflação, disse que parte do motivo era a variação de preços no exterior. "Isso também não é culpa nossa", defendeu-se.

Em 1994, Fernando Henrique Cardoso foi ao "Topa Tudo por Dinheiro" para explicar como funcionava a URV (Unidade Real de Valor), criada antes da adoção do real. "O ministro da Fazenda foi ao auditório do Silvio Santos para comunicar o que queríamos fazer", explicou, anos depois, sem mencionar que era pré-candidato ao Palácio do Planalto.

Michel Temer decidiu que não precisava mandar o chefe de sua equipe econômica ao SBT, assim como Zélia e FHC, para falar de economia. Resolveu abraçar, ele mesmo, a defesa da impopular reforma da Previdência em troca de alguns minutos de exposição na TV aberta.

Sem ter encontrado um candidato competitivo e disposto a defender o governo na próxima eleição, o presidente deu início a um novo esforço para recuperar sua imagem.

Auxiliares de Temer pretendiam pegar carona na campanha de um nome governista para alavancar a avaliação do presidente, mas desconfiam do empenho de Geraldo Alckmin (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM) para exercer essa função.

Henrique Meirelles (Fazenda), que oscila entre 1% e 2% nas pesquisas de intenção de voto, também sai, aos poucos, dos planos do governo –ou seria ele a estrela do bate-papo com Silvio num próximo domingo.

Volta e meia, auxiliares tentam convencer uns aos outros de que o presidente, que tem 5% de aprovação, pode se tornar um candidato à reeleição viável. Michel Temer vem aí? Provavelmente, não, mas parece convencido de que terá que sair por conta própria do buraco de impopularidade em que está preso.

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