É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.
A fábula e a lei
RIO DE JANEIRO - Nem tudo está perdido, até agora, sexta-feira, quando escrevo esta crônica que deverá ser publicada no domingo. O mundo não deverá acabar neste intervalo. No Reino Unido, o Parlamento rejeitou a intervenção militar na Síria, negando o apoio que os Estados Unidos esperavam para criar uma nova guerra.
Não foram necessárias muitas explicações por parte dos ingleses. Os parlamentares exibiram o vídeo em que George W. Bush e Tony Blair, não faz muito tempo, confessaram que invadiram o Iraque porque estavam mal informados sobre a existência de armas terríveis no arsenal de Saddam Hussein.
Até hoje, tem gente morrendo por causa de uma invasão "humanitária" que poderia incendiar o mundo. A mesma situação agora se repete, com o mesmo grupo humanitário querendo invadir um país árabe por conta do uso de armas apocalípticas que Bashar al-Assad estaria usando contra os rebeldes (idosos, mulheres e crianças) que desejam se livrar de uma ditadura.
Técnicos da ONU estariam verificando se houve o uso de tais armas, mas a situação é complicada. Confirmado ou não o massacre, prevalecerá o argumento do lobo, a invasão será por isto ou aquilo, o cordeiro não sujou a água do rio que o lobo bebia, mas, no passado, o pai do cordeiro sujou a água que o pai do lobo bebia --conforme a fábula de Esopo. O complexo político-militar continua mantendo os países mais fortes do Ocidente.
Deixando de lado a Síria, temos, no Brasil, o exemplo da transparência que todos exigimos. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal gastou, ao todo, mais de hora e meia para decidir se determinados réus do mensalão mereciam ou não o acréscimo de um sexto, um terço ou um quinto das penas impostas. Tudo dentro da lei. No final, humanitariamente, todos serão absolvidos.
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