Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
O abacaxi está servido
Independente do que aconteça no cenário eleitoral daqui pra frente, a única certeza que temos é a de que o Brasil vai ter que apertar os cintos em termos de investimentos e gastos daqui pra frente.
A queda de 0,6% no PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre, em relação ao primeiro, mostra que, definitivamente, a economia do país está com a luz de alerta acesa. Apesar das taxas de desemprego se manterem baixas, o país já não cresce e as consequências são só uma questão de meses.
A questão não pode, nem deve ser analisada isoladamente. Uma redução no PIB é aceitável, ainda que indique desaceleração na economia. O grande fator de preocupação é que não foi a primeira vez que isso aconteceu no ano. No primeiro trimestre, já havia acontecido uma queda de 0,2%.
Os dados divulgados nesta sexta (29) pelo IBGE mostraram que somente a pecuária conseguiu desempenho positivo ainda que baixo com um crescimento de 0,2%.
O setor industrial teve redução de 1,5% e o de serviços, 0,5%.
Não vai restar outra opção ao governo brasileiro a não ser apertar mesmo os investimentos. O problema é onde? Por mais que tenha havido melhoras, sabemos que o Brasil é um país ainda muito carente de investimentos, especialmente no setor público. Como puxar os freios na educação, na saúde, na infraestrutura? Como?
E mais: esta é a pergunta que terá que ser minuciosamente pensada e depois respondida por quem subir a rampa do Palácio do Planalto nos próximos quatro anos.
Seja lá como for o resultado das eleições presidenciais, o abacaxi já está servido. A política econômica daqui pra frente será, sem dúvida, algo pensado para pisar em ovos. O Brasil, sensível a isso tudo, ficará à deriva da criatividade e inteligência estratégica de quem estiver no comando.
Texto em parceria com ADRIANA MATIUZO
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