Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Mundo Econômico
PANORAMA MUNDO
Na última sexta-feira, Dow Jones e S&P 500 fecharam em novos níveis recordes após a divulgação de dados positivos sobre o emprego nos Estados Unidos.
O dado que motivou essa alta histórica dos índices foi a criação de 321 mil postos de trabalho em novembro, superando as expectativas do mercado que eram de 230 mil vagas.
Esse dado de emprego reforça a ideia de que Wall Street continuará em alta, já que uma maior criação de empregos indica maiores gastos do setor público, o que reflete positivamente nos lucros e na atividade econômica do país.
Esse dado de criação de vagas, somado ao indicador da estabilidade da taxa de desemprego em novembro em 5,8%, foi registrado parte do Livro Bege do Fed divulgado na última semana.
O que se pode concluir a partir do Livro é que houve uma melhora no mercado de trabalho em todos os distritos norte-americanos. Além disso, o relatório apontou que os preços e a inflação dos salários "permanecem contidos".
Também foi divulgado na última semana que o índice dos gerentes de compras (PMI) para o setor de serviços subiu para 59,3 em novembro, o que mostra um a expansão. Outro dado animador foi o do PIB americano que cresceu 3,9%, em termos anualizados, no terceiro trimestre.
Com isso, os investidores já enxergam os EUA como um ambiente econômico promissor, ainda mais quando se compara as demais economias avançadas, como o Japão e a zona do euro, que se encontram em desaceleração.
Na Zona do Euro os indicadores antecedentes alertaram para a possibilidade de recessão. O crescimento foi de 0,2% no terceiro trimestre deste ano em comparação com o ano anterior.
Embora os gastos tenham aumentado devido às baixas taxas de inflação, os investimentos caíram 1,3% no terceiro trimestre, como um sinal de que as empresas não confiam na melhora da atividade econômica da região.
Na semana passada, o Banco Central Europeu afirmou estar disposto a tomar as medidas necessárias para melhorar a situação da zona do euro.
Assim, é possível que ele adote mais medidas de afrouxamento no início de 2015, como a compra de bônus dos governos. Também nos últimos dias, o BCE decidiu manter a taxa de juros em 0,05% ao ano de estimular a economia e impulsionar a inflação.
Na Ásia, a economia japonesa encolheu 1,9% pelo segundo semestre consecutivo, no período entre julho e setembro, apesar do país ter registrado um superavit em conta corrente além das expectativas no mês de outubro por conta do forte investimento no exterior e um aumento das exportações
Para os próximos dias, serão divulgados o IPP e as vendas no varejo dos EUA, a produção industrial e o PMI da zona do euro e a produção industrial na China.
PANORAMA BRASIL
Apesar de a Bovespa ter encerrado a última semana em alta de 1,10%, nesta segunda-feira o Ibovespa fechou em baixa de 3,31%, amargando o menor nível desde 1º de abril deste ano.
O dólar, por sua vez, encerrou a semana passada em alta de 0,88% e nesta segunda-feira a moeda americana atingiu R$ 2,61 –o maior patamar desde abril de 2005. Dados divulgados nos últimos dias mostram um cenário negativo para a economia brasileira e perspectivas ruins para os próximos anos.
O fluxo cambial encerrou o mês de novembro negativo como resultado de um deficit na conta comercial e na conta financeira. Nas contas do governo, registrou-se que a diferença entre a dívida pública bruta e líquida é a maior desde 2006. O futuro ministro da Fazenda mostrou preocupação com a questão da dívida bruta, que atualmente é cerca de 62% do PIB.
No setor interno, o comércio varejista prevê que a junção de uma economia enfraquecida, juros altos e menor abertura de vagas no mercado de trabalho levará o consumidor a reduzir os gastos e provocará o pior desempenho do setor em dez anos.
Já a produção industrial permaneceu estável no mês de outubro, mas as expectativas são de um quarto trimestre ruim devido aos estoques elevados e ao desaquecimento da demanda.
Na semana que passou, o Banco Central elevou a taxa Selic para 11,75% ao ano, reforçando o aperto monetário com o intuito de convergir a inflação para o teto da meta de 6,5%. Nos próximos dias espera-se que sejam divulgados o índice IBC-Br, as vendas no varejo e a ata do Copom.
Post em parceria com Isadora Benvenutti Tozi, graduanda em Economia pela Fundação Getulio Vargas e consultora pela Consultoria Junior de Economia, CJE-FGV
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