Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Subprime dos automóveis
Os chamados créditos subprime são uma modalidade de empréstimo para pessoas físicas com elevado grau de risco. No mercado imobiliário americano, são considerados como a origem da crise financeira internacional de 2007, a mais devastadora desde 1930. Como resultado, essa modalidade de empréstimo ficou com uma péssima reputação no mercado.
Avaliando-se cuidadosamente, perceberemos que os créditos subprime não são nocivos à economia por essência. No entanto, sua péssima utilização, somada a uma frágil regulação dos órgãos fiscalizadores e à irresponsabilidade das instituições financeiras, transformaram-no de um instrumento necessário a algo descartável à economia.
Sete anos depois da crise financeira internacional, os créditos subprime estão voltando com força na economia americana. Contudo, não mais ligados ao setor imobiliário e, sim, ao setor automobilístico. A venda de automóveis vem crescendo a cada dia. Atualmente, um em cada quatro financiamentos é classificado na categoria subprime.
Entretanto, a volta dos empréstimos de risco enfrenta obstáculos importantes. São necessárias medidas para assegurar maior prudência no intuito de minimizar os riscos e evitar a reprodução dos erros do passado. Contudo, não é correto imaginar que o crédito subprime deva ser restringido para sempre.
Alguns fatores de impulso ao desenvolvimento das economias globais se deram a partir da emergência e crescimento dos empréstimos subprime. É importante notar que esses empréstimos podem se constituir em importante vetor de crescimento do PIB, além de ter a capacidade, em potencial, de reduzir as desigualdades sociais (pessoas de baixa renda passam a ter acesso às linhas de crédito que anteriormente não conseguiam).
Nos últimos meses de 2014, o resultado do setor automobilístico brasileiro foi bastante desanimador. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgou que, no ano passado, o número de carros, caminhões e ônibus fabricados no país caiu 15,3% em relação a 2013.
Em 2014, um total de 3,1 milhões de veículos saíram das fábricas. Em 2013, foram 3,7 milhões. As vendas também despencaram. Em 2014, foram 7% menores do que no ano anterior.
Considerando que o setor automobilístico tem importante participação no PIB nacional (aproximadamente 18% da fatia industrial) e em vista da dificuldade da economia brasileira, uma dúvida fica no ar: será que os créditos subprime, se bem utilizados, podem se constituir em um importante impulso à retomada da nossa economia? Os argumentos apresentados e o atual mercado econômico sinalizam para uma resposta positiva.
Post em parceria com Daniel Carasso
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