Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Compra de imóvel como investimento deve ser cercada de cuidados
Uma pessoa que deseja comprar um terreno como forma de investimento precisa juntar capital, adquirir o espaço, construir e ter toda a preocupação gerencial com o imóvel até que ele esteja finalizado.
Ao final do processo, a fim de obter ganhos, geralmente uma equipe de vendas é contratada para comercializar e encontrar compradores. Mas será que esses compradores podem ser considerados investidores de fato?
Em linhas gerais, o comprador está na linha final do processo e, por isso, assemelha-se mais a um consumidor. Nada leva a crer que o investidor inicial vai vender seu empreendimento a um valor abaixo do máximo possível. E habitualmente, ao vender, estará realizando seu ganho. Por isso, não permitirá grandes margens para os demais.
A mesma lógica vale para outros bens. Imagine alguém que compre carros usados para revender e obter lucro. A não ser que se trate de um especialista em carros, há uma grande probabilidade de que a estratégia venha a fracassar.
Comprar carros usados é um investimento apenas para os que conhecem muito bem o mercado e sabem até como valorizar o veículo e vendê-lo acima do que pagaram.
Além disso, em vários ramos, como o imobiliário, deve-se considerar que a força de venda inclui brindes, promoções, propaganda e até plantões dominicais.
Todos esses custos são repassados ao preço final pago pelo consumidor, que nem sempre conseguirá revender a um valor com um ganho.
A diferença entre esses mercados é que, enquanto poucos acreditam que comprando um carro usado conseguirão vendê-lo por um valor bem mais alto em poucos meses, ainda há uma crença de que isso seja possível com imóveis, tornando esse um setor bastante arriscado.
VALOR NO TEMPO
A máxima de que não existe almoço grátis é praticamente infalível, sobretudo quando o investimento é realizado em um ambiente no qual não há especialidade.
O dinheiro tem valor no tempo e, por isso, a imobilização de um capital em algum produto ou investimento deve ao menos remunerar a rentabilidade de uma aplicação de baixo risco, como os 12,75% anuais da taxa Selic (os juros básicos da economia), para valer a pena.
Dessa forma, em um momento como o atual, no qual as perspectivas são de crise e declínio da economia do país, deve-se ter ainda mais cautela na hora de investir.
Qualquer promessa de ganhos reais significativos sem esforço ou risco e de crescimento infinito de preços acima da inflação deve ser analisada com muita cautela. Isso porque, via de regra, esse fenômeno sinaliza uma bolha de ativos e o prometido ganho pode se transformar em uma perda expressiva.
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