Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Oniomania: compulsão na hora de comprar
O ato de comprar demais pode estar associado à oniomania (mania de comprar), um tipo de transtorno psicopatológico, reconhecido pela Sociedade Brasileira de Psiquiatria. Portanto, gastar demais e mais do que se ganha e, com isso, ver a vida financeira ir de mal a pior pode significar mais do que apenas descontrole financeiro.
É importante qualificarmos o comprador compulsivo para que possamos diferenciá-lo da pessoa que adora uma liquidação ou que se sinta extremamente feliz em comprar esporadicamente.
O compulsivo geralmente apresenta arrependimento, mente, muitas vezes deixa a mercadoria na loja para buscá-la em outro momento. Ou seja, seu comportamento é voltado para encobrir a compra, pois sente-se culpado e muitas vezes arrependido.
Fazer o diagnóstico dessa doença é difícil, pois a sociedade não vê esse comportamento com estranheza e muito menos condena a ação. Pelo contrário: consumir é algo estimulado e cada vez mais bem aceito na nossa sociedade. Como essa doença está relacionada ao desejo, fica difícil de identificá-la em meio a todo turbilhão de estímulos para se consumir mais e de diferentes formas.
A principal característica de um comprador compulsivo, quando comparado a um comprador eventual, é apresentar uma grande inquietação quando não pode comprar. Seria o mesmo que dizer que o doente tivesse uma falha no "botão de controle" do impulso de comprar.
Outro exemplo comparativo seria equivaler essa compulsão de compra com a compulsão de um dependente químico, uma "anestesia emocional", envolvendo sentimentos como tristeza, frustração e ansiedade.
O tratamento para a doença costuma ser tardio, pois, em geral, o paciente (ou um parente) só vai buscar ajuda quando o caos já está instalado. Pode-se dizer que, neste momento, o comprador compulsivo já comprometeu diversas áreas do seu convívio social, como suas relações pessoais e profissionais.
Segundo dados do ambulatório do Hospital das Clínicas de São Paulo, em geral o paciente chega com uma dívida que varia entre R$ 20 mil e R$ 30 mil.
Segundo a médica Ana Beatriz Silva, mestre em Psiquiatria pela UFRJ, a compulsão de compras é mais frequente entre as mulheres e seu início tende a ocorrer na juventude, por volta de 18 anos, idade em que os pais têm o hábito de presentear a maioridade dos filhos com a liberação de talões de cheques e cartões de crédito, muitas vezes de forma inadvertida.
Também segundo ela, os estudos mostram que a compra compulsiva é mais comum nas mulheres por questões sociais e biológicas (hormonais), mas o motivo certo e preciso não é totalmente conhecido.
Abaixo algumas dicas da Dra. Ana Beatriz para lidar com a compulsão na hora de comprar:
- Saia de casa com apenas o mínimo dinheiro necessário;
- Não saia com talão de cheque, leve apenas uma ou duas folhas;
- Não leve o cartão de débito e, se possível, não tenha cartão de crédito;
- Faça mentalmente o caminho que irá percorrer até o local da sua compra, para que você não passe por lojas conhecidas ou por vitrines (tentações);
- Se estiver se sentindo muito entusiasmado(a), evite olhar anúncios ou passar por lojas. O mesmo vale para quando estiver se sentindo muito triste ou frustrado(a);
- Se tiver algum excedente em dinheiro, invista em aplicações que penalizem com alguma perda caso retire o dinheiro antes do tempo contratado, como CDB e Tesouro Direto, que têm Imposto de Renda.
Post em parceria com Adriano Reis
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