Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
A importância da renúncia
Imagine a cena: um jovem no fim do ensino médio está na dúvida sobre qual carreira cursar na faculdade. Ele gosta muito de computadores e quer cursar engenharia, mas outro lado dele quer entender mais sobre o comportamento humano e adoraria estudar psicologia.
Na hora de escolher para qual curso prestar vestibular, ele divide as opções: nas universidades onde engenharia é mais forte, essa é a sua escolha, enquanto nas demais ele opta por psicologia.
A incapacidade de fazer uma escolha e o desejo de manter as opções vivas (como no caso da engenharia e da psicologia) têm um custo alto para o jovem. No vestibular, ele vai dividir o esforço e atenção entre as matérias que são mais relevantes para engenharia, como matemática e física, com aquelas que contam mais para psicologia, como história e português.
Mas o custo não termina aí: além de afetar o seu desempenho no vestibular, se ele consegue entrar nas duas carreiras e quiser cursar as duas, ele terá que dividir seu esforço. Para qual prova estudar? Qual matéria se dedicar mais?
Se a situação parece distante, pense em todas as pessoas que possuem seus "projetos pessoais", que correm em paralelo às suas carreiras. Nem que seja apenas um sonho: muitos mantém portas para novas carreiras ou empregos, pela pura dificuldade que temos de fechar portas.
É como o comitê para o qual você se dedica à noite - ele demanda uma energia, tempo e disposição que você poderia usar para outra atividade, mas com o medo de fechar a porta e perder uma eventual oportunidade (que você nem sabe se quer), não consegue parar de frequentar.
Então pense: quantos eventos você frequenta porque teria adorado ter uma oportunidade naquela indústria ou área de atuação? Com quantas pessoas do nosso passado mantemos contato por não querer que a relação morra, mas que não trazem mais aquele prazer de antes? Quanto tempo você não ganharia se simplesmente cortasse as atividades que não fazem mais sentido?
A renúncia da psicologia (ou da engenharia) do jovem acima facilitaria muito. Não dá para ter tudo, o dia tem apenas 24 horas. É melhor escolher uma área de atuação, focar nela, e manter os estudos a partir dali (cursar engenharia e fazer uma pós-graduação em psicologia, por exemplo), do que manter duas faculdades e constantemente dividir seu esforço para manter vivas opções que não necessariamente fazem sentido.
Post em parceria com Carolina Ruhman Sandler, jornalista, fundadora do site Finanças Femininas (http://www.financasfemininas.com.br) e coautora do livro "Finanças femininas - Como organizar suas contas, aprender a investir e realizar seus sonhos" (Saraiva)
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