Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Tenho R$ 12 mil em fundo BDR com rendimento atual negativo; mudo?
O BDR (Brazilian Depositary Receipt) é um certificado emitido no Brasil que representa a ação de uma empresa estrangeira. Assim, seu preço no país deverá sempre estar relacionado com o valor fora do Brasil. Nesse instrumento, dois fatores influenciarão os ganhos (ou perdas): o sucesso (ou fracasso) da companhia com sede no exterior e o câmbio no momento de fazer a conversão.
O desempenho do investimento se assemelha a qualquer aplicação em renda variável: assume-se o risco, crendo no sucesso da companhia de capital aberto, para que obtenha lucros no futuro. Para a tomada dessa decisão, é possível estimar o valor da empresa a partir de seus dados passados, mas a previsibilidade dos rendimentos será, ainda assim, pouco previsível.
Já o câmbio, por sua vez, independe do crescimento da empresa e está mais relacionado com a estabilidade político-econômica dos dois países envolvidos na transação e as consequentes reações do mercado às novas políticas implementadas. Desta forma, a previsibilidade do risco cambial também se mostra pouco precisa.
Como consequência, neste tipo de investimento, lida-se com dois tipos de risco complexos e pouco correlacionados. A empresa pode crescer, por exemplo, e ao mesmo tempo o BDR perder valor por causa da taxa de câmbio.
O risco é bastante alto, especialmente no momento atual em que o real está instável. O BDR servirá, portanto, para investidores com patrimônio grande que desejam diversificar e aceitar a exposição ao dólar para investir, de forma indireta, em mercados internacionais.
Outro caso em que o investimento poderá ser interessante é aquele no qual o investidor possui ativos, dívidas ou custos atrelados ao dólar e deseja distanciar-se da volatilidade do câmbio. Nessa situação, a negociação poderá ser realizada em dólares e recomenda-se que sejam evitados resgates em real para que o poder de compra não seja prejudicado na troca cambial. À parte desses dois cenários, a aplicação conterá muito risco e será pouco vantajosa para o brasileiro.
Como alternativa, pode-se procurar ferramentas que se distanciem dos riscos cambiais e ao mesmo tempo protejam contra a instabilidade econômica no Brasil. Pode-se aproveitar os juros básicos (Selic, hoje em 13,75% ao ano) ascendentes no país.
Nessas condições, não aportar aplicação em renda fixa implica em um custo bastante elevado: qualquer outra aplicação deverá remunerar pelo menos 14% de juros ao ano para valer a pena. Caso contrário, a melhor decisão é permanecer em modalidades de baixo risco.
Com a política de combate à inflação implementada pelo governo, as melhores opções: o Tesouro, a Selic e os CDBs de grandes bancos.
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