Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
O sol é mesmo amarelo?
Depende de quem afirma. Se você ler que a frase acima veio de uma professora do primário, as chances de você não acreditar são nulas. No entanto, se for algum partido político que declara que o sol é mesmo amarelo, a probabilidade de você acreditar cai ("o sol pode ser amarelo, mas ele tem manchas"; "no por do sol, ele fica vermelho-alaranjado"; "às vezes ele brilha tão forte que parece branco"; e assim por diante).
Não acredita? Pois este é o resultado de um estudo realizado por Dan Ariely (Universidade de Duke), Ayelet Gneezy (Universidade da Califórnia) e Stephen Spiller (Universidade de Duke). O objetivo do experimento era ver se as pessoas poderiam duvidar frases obviamente verdadeiras caso elas fossem associadas a uma marca.
Inicialmente, eles pediram para um grupo de pessoas avaliar se frases como "o sol é amarelo" e "um camelo é maior do que um cachorro" são verdadeiras ou falsas, e obtiveram resultados claros: 100% dos participantes acreditavam (felizmente) na veracidade delas.
O problema surgiu quando eles pediram para um outro grupo avaliar a veracidade das mesmas frases, só que associadas à Procter & Gamble, o Partido Democrata, ou o Partido Republicano. Quando era o Partido Democrata que dizia que o "sol é amarelo", os participantes do estudo eram mais propensos a questionar a afirmação.
"Ao partirem de um ponto de vista altamente suspeito por conta da origem da frase, o nível de desconfiança era tão alto que influenciou, inclusive, a capacidade dos participantes de identificar frases obviamente corretas", ressalta Ariely.
É interessante notar que não houve diferença no nível de desconfiança percebido no estudo para as "frases" dos dois partidos norte-americanos. Ou seja: até mesmo os eleitores democratas ou republicanos não acreditavam que seu próprio partido não era mais confiável do que o outro.
Este cenário mostra o baixo nível de desconfiança que temos atualmente com empresas, instituições e até uns com os outros. Se vista como uma base da vida em sociedade, da economia de livre-mercado e até da democracia, este estudo também mostra que empresas que mantenham suas promessas e consigam permanecer honestas frente a seus consumidores só têm a ganhar - afinal, em terra de cegos, quem tem olho é rei.
Post em parceria com Carolina Ruhman Sandler, jornalista, fundadora do site Finanças Femininas e coautora do livro "Finanças femininas - Como organizar suas contas, aprender a investir e realizar seus sonhos" (Saraiva)
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