Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Mundo Econômico
PANORAMA MUNDO
As Bolsas americanas subiram ao longo da semana passada e, em especial, na segunda-feira (13), por causa da incerteza sobre o mercado europeu, agravada pela crise do pagamento da dívida externa grega. O índice Dow Jones subiu 0,9%, enquanto o índice empresarial S&P 500 subiu 0,8%. O grande destaque foi a empresa de telecomunicações Comcast, que avançou 1,1% após anunciar um novo serviço de transmissão de programas online.
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciou que divulgará diversos dados-chave da economia americana, como o índice oficial da inflação, nessa sexta-feira (17). A expectativa dos analistas é que a inflação e índices de vendas tenham se mantido estáveis no mês passado. Além disso, o mercado continua na expectativa para a subida da taxa de juros para títulos de dívida americanos, que pode ser anunciada ainda nesse mês.
Na segunda-feira (13), a Grécia sinalizou que, por enquanto, vai continuar na zona do euro e adotará medidas de redução do aparato estatal. O acordo foi feito em uma reunião entre Angela Merkel, chanceler alemã, e Alexis Tsipras, primeiro-ministro da Grécia. Essa é a terceira vez que a Grécia altera as condições de pagamento da sua divida externa.
As Bolsas europeias reagiram positivamente ao novo acordo da Grécia com a união europeia. O índice empresarial Stoxx Europe 600 subiu 1,97% na segunda, após passar a semana passada em declínio. O FTSE, de Londres, subiu 0,97%, enquanto o CAC 40, de Paris, e DAX 30, de Frankfurt, avançaram 1,94% e 1,49%, respectivamente.
Na sexta-feira (10), a Fitch Ratings reafirmou o rating da dívida Alemanha em "AAA", refletindo as instituições fortes e diversificadas e a economia de elevado valor agregado do país.
Os mercados asiáticos também reagiram positivamente à resolução momentânea da crise grega. A Bolsa de Tóquio subiu 1,5% a de Sidney se valorizou 0,64%. A Bolsa de Xangai foi o destaque, subindo 2,28% na segunda-feira, após uma semana extremamente volátil.
O governo chinês precisou adotar uma série de medidas intervencionistas na Bolsa de Xangai na última semana para que a mesma não sofresse um crash. A China passa um difícil momento econômico, e diversos analistas esperam um retrocesso do país em seu crescimento, que pode vir sob a forma de desaceleração suave da economia local ou até mesmo na forma de um crash do sistema financeiro chinês, nos moldes da crise de 1929.
Nessa semana, haverá a tentativa de a China captar novos empréstimos internacionais e de aumentar sua oferta monetária. Além disso, haverá a divulgação das expectativas do mercado alemão para o resto do ano.
PANORAMA BRASIL
A Bovespa encerrou a semana em alta. O índice subiu 1,56%, impulsionado pelas incertezas dos investidores em relação à China e à Europa. O setor em destaque foi o bancário, com Itaú Unibanco e Bradesco com altas de 4% e 3%, respectivamente.
Na segunda, o dólar recuou 0,89% frente ao real, encerrando o dia a R$ 3,1309.
A queda do dólar se deu pela boa expectativa do mercado em relação aos acordos feitos pela Grécia para permanecer na zona do euro e por declarações do ministro do planejamento brasileiro, Nelson Barbosa, que disse que o foco do governo é o pagamento dos juros da dívida externa do país.
O boletim Focus, do Banco Central, aumentou novamente a expectativa da inflação para 2015. Os analistas esperam agora 9,12%, ante 9,04% do último relatório. Em relação ao PIB brasileiro, foi mantida uma expectativa de queda de 1,5% para 2015 e um leve crescimento de 0,5% para 2016.
O setor industrial brasileiro avançou 0,6% em maio, interrompendo uma série de três resultados negativos na comparação mensal. Contudo, indústrias importantes, como a de São Paulo e do Rio de Janeiro, estão bem abaixo do pico histórico, indicando que tal avanço não significa uma recuperação do setor.
Para Rodrigo Lobo, pesquisador da coordenação de indústria do IBGE, a indústria brasileira precisa superar uma turbulência pior do que a enfrentada na crise de 2008 e 2009, quando as condições macroeconômicas não eram tão desfavoráveis quanto as condições atuais.
Post em parceria com Guilherme Sharovsky, graduando em economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia, CJE-FGV
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