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cida santos

 

03/10/2010 - 14h28

As pedras no Brasil

DE SÃO PAULO

O mundo caiu na cabeça da seleção brasileira de vôlei. A imprensa italiana não cansa de criticar a marmelada na partida contra a Bulgária. O Brasil entregou o jogo, perdeu por 3 sets a 0 e vai pegar uma chave mais fácil na próxima fase do Mundial. Nesta segunda-feira, já joga em Roma contra a República Tcheca e na quarta-feira contra a Alemanha.

Situação complicada, que vai manchar a trajetória da seleção neste Mundial. Um dos ídolos do vôlei italiano, o ex-jogador e agora comentarista Andrea Zorzi, declarou que "à parte o regulamento, o que o Brasil fez não foi respeitoso com o público. Como campeão mundial, deveria jogar sempre para ganhar e honrar essa condição".

Logo depois do jogo, na sala de entrevistas, o ponteiro Giba e o técnico Bernardinho tiveram que ouvir o capitão da Bulgária, Vladimir Nikolov, falando que o seu time "estava feliz de ganhar do Brasil, um time imbatível que tem medo de jogar contra a pequena ilha de Cuba". A derrota para a Bulgária livrou o time brasileiro de cair na chave dos cubanos.

A Bulgária está fazendo o discurso da certinha, mas também deixou seu levantador titular e o seu líbero fora da relação dos 12 jogadores que enfrentaram o Brasil. Nikolov, que fez a crítica, e Kaziyski, os dois destaques do time, não jogaram. Ficaram no banco. Não tem inocente nessa história.

Jogaram pedras mesmo no Brasil. Quem assistiu ao jogo contra a Bulgária, sabe que foi feio, uma vergonha ver o confronto de dois times querendo perder.

Não é uma desculpa, mas o Brasil vive uma situação inusitada: está jogando o Mundial com apenas um levantador, o Bruninho. Marlon, com uma inflação no intestino, ficou fora de todos os jogos até agora.

É claro que o Bruninho está cansado, sobrecarregado, etc e tal. Se você fosse técnico de um time e tivesse apenas um levantador, você o colocaria para jogar em uma partida que não é importante? O levantador já está sobrecarregado, será que não seria o momento ideal para ele ser poupado?

A mesma lógica serve para o Murilo, o melhor jogador da seleção. Contra Cuba, ele saiu no quarto set com dores na panturrilha. Nem voltou mais para o jogo e o Brasil perdeu por 3 sets a 2. Será que não foi também o momento certo dele descansar? O oposto Theo jogou como levantador porque não havia outra opção. Sem Marlon, ele é o reserva do Bruno.

Está certo que o time que entrou em quadra - Giba, Dante, Sidão, Rodrigão, Theo, Vissotto e Mário Júnior - não se esforçou muito. Aí sim dá para criticar a seleção, mas não pela escalação. Poupar Bruno e Murilo foram opções corretas.

O maior problema é que a partir de agora o Brasil vai carregar essa marca: a do time que quis fugir do confronto contra Cuba, o que contraria a grandeza de uma seleção que nos últimos dez anos dominou o cenário do vôlei: ganhou duas Copas do Mundo, oito títulos da Liga Mundial, dois Mundiais e uma medalha de ouro olímpica.

Neste Mundial, o time terá mais um grande problema. A torcida e a imprensa italiana, que já não são simpáticas ao Brasil, vão perseguir a seleção. O time vai ouvir vaias das arquibancadas, terá que aturar as críticas e seguir firme. E mesmo se for campeão, corre o risco de ter o título questionado. Uma pena para uma grande seleção, que não merecia esse destino.

cida santos

Cida Santos é jornalista e uma das autoras do livro "Vitória", que narra a trajetória da seleção masculina de vôlei, campeã olímpica em 1992. Escreve de segunda a sexta no site.

 

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