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claudia antunes

 

21/06/2012 - 03h00

O conservadorismo do mundo

DO RIO DE JANEIRO

A Rio+20 revelou um mundo mais conservador, e não só porque a Igreja Católica, apoiada por países como o Chile, conseguiu tirar do documento a referência a direitos reprodutivos, conceito aprovado na ONU há 18 anos que reconhece a autonomia das mulheres para decidir quando ter filhos.

Em disputa pelo poder, tanto os países ricos quanto os emergentes jogaram na retranca nas negociações sobre possíveis caminhos de desenvolvimento que sejam justos socialmente e que preservem o ambiente.

Os primeiros não querem ceder espaço de controle econômico, como detentores da maior parte do capital circulante e das patentes de alta tecnologia. Os segundos querem
reter prerrogativas, como a de não terem que pagar agora pelo passivo do consumo energético insustentável de americanos e europeus.

Os dois blocos travaram uma queda de braço terminada em empate sobre transferência tecnológica, que os países mais pobres gostariam de ver livre da cobrança de royalties, e financiamento à economia limpa.

As ONGs, em particular as ambientalistas, têm sua parte de culpa. Passaram a enfatizar um discurso utilitário, de que economia verde também dá lucro. Deixaram de falar de justiça, num mundo em que um quinto da população é de miseráveis.

Desde 2008 parecia ter ficado claro que as finanças desreguladas estão no centro de um modelo instável que bloqueia saídas para a emergência ambiental. Mas os mercados, apoiados pelos grandes Estados, contra-atacaram.

Prova disso é que a proposta de um imposto global sobre transações financeiras não passou nem perto do debate oficial. Feita há 40 anos pelo Nobel James Tobin para estabilizar os mercados e que poderia financiar o combate à pobreza e meios de produção mais limpos, ela foi defendida por um grupo quixotescamente chamado de Robin Hood.

claudia antunes

Claudia Antunes, jornalista carioca, formada em jornalismo pela UFRJ, está na Folha desde 2000. Foi coordenadora de redação da Sucursal do Rio (2000-2005), editora de "Mundo" (2006-2009) e atualmente é repórter especial do jornal. Antes, trabalhou por 13 anos no "Jornal do Brasil", onde foi editora de "Internacional". Entre 2005 e 2006, foi bolsista da Fundação Nieman para o Jornalismo, na Universidade Harvard. Escreve às quintas na versão impressa da Página A2.

 

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