É repórter especial da Folha, especializada em saúde. Autora de "Quero ser mãe" e "Por que a gravidez não vem?" e coautora de 'Experimentos e Experimentações'.
Escreve às terças.
Um parto inesperado e uma conta de quase US$ 1 mi
Imagine que você está grávida de seis meses e decide passear nos EUA com o aval do médico. Você faz o seguro-saúde para a viagem e vai feliz da vida aproveitar as férias. Lá chegando, a bolsa estoura e o bebê nasce prematuro. Precisa ir direto para uma UTI neonatal. O pesadelo não acaba aí. Ao final de dois meses, vem a conta do hospital: US$ 950 mil ou R$ 2,4 milhões.
Isso aconteceu com a turista canadense Jennifer Huculak-Kimmel em dezembro do ano passado, durante viagem com o marido ao Havaí. O bebê nasceu nove semanas antes do previsto.
O plano de saúde não cobriu os custos com a internação de dois meses da menina Reece. Alegou que ela já era uma "condição preexistente" da mãe. Na hora da venda, porém, o funcionário do plano foi informado sobre a gestação, mas não viu objeção na viagem porque a gravidez tinha menos de 36 semanas.
A empresa argumentou ainda que o fato de Jenniffer ter tido infecção urinária e sangramento durante a gestação a fazia uma grávida de alto risco. Mas, é preciso frisar, o ginecologista dela havia liberado a viagem.
O caso me fez pensar no risco que muitas brasileiras grávidas estão correndo ao viajar aos EUA, muitas vezes sem um seguro que inclua o bebê.
São poucas as seguradoras que oferecem planos de saúde às gestantes em viagem ao exterior. Algumas garantem cobertura até a 26ª semana da gravidez, que pode ser estendida até a 32ª semana. Já as companhias aéreas colocam o sexto mês de gestação como o tempo limite para vôos internacionais.
Então, futuras mamães e papais, toda cautela é pouca quando o destino são os EUA. Não economize no seguro-saúde e cheque direitinho todas as cláusulas antes de assinar.
Como muitos de vocês já sabem, por lá não existe SUS ou qualquer outra modalidade de sistema universal de saúde. Passou mal, tem que pagar. E qualquer continha de hospital pode chegar à casa dos milhões de dólares.
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