Cláudia Collucci

Jornalista especializada em saúde, autora de “Quero ser mãe” e “Por que a gravidez não vem?”.

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Cláudia Collucci

O momento é sério, não há espaço para piadas sobre febre amarela

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"Você tomou a vacina? Vamos todo mundo tomar a vacina, a vacina do negócio do macaco amarelo, do macaco da gripe, do macaco aí... É a vacina do macaco que estão dando (...)".

O trecho acima foi extraído de um áudio que circula nas redes sociais e que virou motivo de piadas sobre a desinformação da população brasileira quando o assunto é a vacinação contra a febre amarela.

Não sei se o áudio é real ou mais um besteirol sem graça que circula no ambiente virtual. O fato é que o momento não está para chacotas. Precisamos usar as redes para disseminar boas informações em saúde. O país vive o pior surto de febre amarela das últimas décadas, com casos e mortes se avizinhando da cidade de São Paulo, e é preciso agir rápido para conter boatos e desinformação.

As dúvidas em torno da doença e da vacina são ainda gritantes, apesar dos esforços das autoridades de saúde e da imprensa no esclarecimento delas.

Na semana passada, logo após os parques estaduais da capital paulista serem abertos, uma emissora de TV flagrou uma família inteira passeando em local de mata sem que ninguém tivesse sido imunizado contra a febre amarela. Na portão do parque havia informes sobre a doença e a necessidade de vacinação para frequentar o local.

É muito importante que a população siga as recomendações. Se mora ou se vai visitar lugares onde há ciclo silvestre de febre amarela, não deixe de se imunizar. Em Minas Gerais, a situação chegou aonde chegou em razão da baixa cobertura vacinal, de 50%.

Há sim uma grande ameaça que a febre amarela se urbanize, que comece a existir a transmissão de pessoa para pessoa. Desde 1942, ela só é transmitida por mosquitos da área silvestre, mas se uma pessoa com febre amarela for picada pelo Aedes aegypti, o mosquito poderá voltar a circular com o vírus pelas cidades.

Para evitar isso, é fundamental que haja uma cobertura vacinal acima de 80%, que haja vigilância permanente dessa cobertura, sobretudo em "tempos de paz", como bem lembrou Pedro Tauil nesta entrevista do ano passado que continua tão atual.

Ao mesmo tempo, é preciso um rígido e constante monitoramento da população de aedes para evitar que seja infectada pelo vírus da febre amarela. Governos federais e estaduais têm dito que não há esse risco. Em laboratório, um estudo recente mostrou que, sim, o aedes é facilmente infectado.

Por fim, é muito importante que, junto com a vacinação, não nos esqueçamos das iniciativas que diminuem a densidade do aedes, como saneamento básico e medidas para impedir o desmatamento crescente. Afinal, dengue, zika e chikungunya também estão por aí prontas para voltar a protagonizar novas epidemias a qualquer momento.

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