Reproduzo a correta observação de Zachary Fillingham para o "Monitor Geopolítico":
"Se se verificar que a pneumonia de [Hillary] Clinton virou a onda na corrida e pavimentou o caminho para uma presidência Trump, será verdadeiramente uma tosse que mudou o mundo."
O pior é que, de fato, a mais recente pesquisa, depois do caso da pneumonia, mostrou que a onda mudou em favor de Donald Trump não só nacionalmente, mas também em Estados decisivos para a composição do colégio eleitoral, que é quem elege o presidente.
Na verdade não é a tosse que vai, eventualmente, mudar o mundo, mas duas coisas direta ou indiretamente vinculadas a ela.
Uma é a intolerável mania de Hillary Clinton de ser pouco transparente em todos os assuntos relacionados à família, saúde inclusive. E a segunda é a inacreditável capacidade de as redes sociais espalharem boatos ou mentiras.
Zeynep Tufekci, do New York Times, deu uma "googlada" com as palavras Clinton mais saúde e relata assim os resultados:
"Você ouviu também que Mrs. Clinton tem a doença de Parkinson? Seus acessos de tosse o provam, assim como seus recentes surtos de doença. Ela tem epilepsia, assim como demência avançada. Ela deu um jeito de esconder todas essas doenças por um ano e meio de uma campanha extenuante porque o homem que o mundo pensa que é o chefe do serviço secreto a cargo dela na verdade é seu hipnotizador."
Completa a colunista do "Times": "Não, não perdi a cabeça. Apenas perdi muitas horas nas redes sociais, nas quais essa teorias conspiratórias correm soltas."
Parêntesis: no Brasil também correm soltas as mais absurdas informações, especialmente durante o indigente flá-flu entre dilmistas e anti-dilmistas. Fecha parêntesis.
Voltando aos Estados Unidos: até o episódio da pneumonia, poder-se-ia acreditar que uma parte do eleitorado norte-americano não levaria a sério tantas bobagens.
Agora, no entanto, depois que Hillary a princípio escondeu a pneumonia, preferindo alegar que fora apenas "um golpe de calor", o raciocínio do americano médio poderá ser o seguinte: bom, se ela escondeu uma doença, bem que pode estar escondendo outras, mais graves.
Divulgar agora um relatório médico declarando-a apta para a presidência pode ser tarde. Já está evidente que a perspectiva de uma presidência Trump é mais próxima hoje do que era faz uma semana.
Aterradora perspectiva, assim descrita por David Rothkopf, responsável pela "Foreign Policy":
"Trump não tem virtualmente uma só qualificação para ser presidente, fracassou repetidamente como homem de negócios, não tem história de serviço público, é alvo de múltiplas investigações sobre possíveis atividades ilegais, tem reiteradamente expressado opiniões racistas e misóginas ao longo de sua carreira e durante sua campanha, e tem deliberada e sistematicamente se voltado para grupos que só podem ser descritos como 'deploráveis' -incluindo partidários da supremacia branca, antissemitas e outros pregadores do ódio".
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