Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.
Correr contra o tempo
Projetos de investimentos na preparação das equipes do Brasil para os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, estão atrasados. Por mais que o Comitê Olímpico Brasileiro e o Ministério do Esporte anunciem a partir de agora novos incentivos aos atletas com potencial olímpico, as medidas continuarão um passo atrás porque já deveriam estar em ação, pelo menos desde o término da Olimpíada de Londres, em agosto passado.
Na realidade, o correto teria sido o início desses projetos antes mesmo dos Jogos na Inglaterra, uma vez que a escolha do Rio como sede olímpica se deu em outubro de 2009. E, como sempre ocorre com o país responsável pelos Jogos, acredita-se que os dirigentes locais tenham em mente a proposta de realização de uma boa campanha da delegação nacional dentro de casa, claro, em consonância com a primordial organização do evento.
O Ministério do Esporte, que lançou em setembro último o Plano Brasil Medalhas, finalmente o oficializou na semana passada, mas só vai liberar recursos, efetivamente, para os atletas em outubro próximo. Oito estatais investirão R$ 1 bilhão em 21 modalidades avaliadas como com alguma chance de medalha. Em resumo, o plano é colocar o Brasil entre os dez países de ponta no quadro de medalhas em 2016 na Olimpíada e entre os cinco destaques na Paraolimpíada.
Em Londres, os EUA lideraram o quadro de medalhas, em classificação determinada pelas conquistas de primeiros lugares (46 ouros, 29 pratas e 29 bronzes; total, 104). A Austrália ficou em décimo (7, 16 e 12; 35) e o Brasil, em 22º (3, 5 e 9; 17). Entretanto, nove países com menor número de medalhas terminaram na frente do Brasil. Exemplo: a Coreia do Norte, com seis (4 de ouro e 2 de bronze), fechou os Jogos em 20º. Ficar entre entre os dez pode ser difícil, não impossível.
Os atletas também enfrentam a falta de dependências e equipamentos adequados para treinos. No Rio, o estádio de atletismo Célio de Barros e o parque aquático Júlio Delamare, centros esportivos de referência para treinamentos, estão com os dias contados para a demolição, por conta das obras do Maracanã. O ciclismo perdeu o velódromo, que abrigava ainda outras modalidades. A lagoa Rodrigo de Freitas é alvo de reclamações de poluição devido ao alto movimento de lanchas no local. O Time Rio, parceria da prefeitura com o COB, que reunia atletas de ponta, foi desfeito.
As obras do Complexo de Deodoro, que abrigará competições de nove modalidades em 2016, atrasaram e só devem começar em 2014. Aí, surge um novo temor, segundo reportagem de Fábio Seixas, na Folha de ontem: risco tóxico, em consequência de resíduos de artefatos militares que teriam contaminado o solo e o lençol freático na região. O Rio-2016 disse não ter evidências de que a área dos Jogos possa ter sido afetada. Situação cruel.
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