Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.
A Olimpíada não tem convite à venda
A Confederação Brasileira de Basquete e o Comitê Olímpico do Brasil estão aliviados depois que a Federação Internacional de Basquete decidiu oficializar a classificação automática das seleções nacionais, a masculina e a feminina, para a Olimpíada do Rio.
Além da confirmação das vagas, o clima se tornou ainda mais leve com o socorro do Ministério do Esporte, que vai destinar R$ 7 milhões para os gastos exclusivos da preparação do time masculino para os Jogos. Outro projeto para o feminino segue em estudos.
A CBB, por falhas de gestão e excesso de gastos, está atolada em dívidas, mas isso não foi obstáculo para a cobertura do Ministério do Esporte. O basquete é uma das modalidades de maior prestígio e visibilidade nos Jogos, atração para esportistas do mundo todo, com foco especial nas estrelas do Dream Team (Time dos Sonhos), a seleção masculina dos Estados Unidos, integrada pelos jogadores da NBA.
Aliás, Brasil e EUA, nos dois gêneros, estão com vagas garantidas na modalidade. As seleções norte-americanas conquistaram esse direito por terem se sagrado campeãs mundiais, sendo que também triunfaram na Olimpíada londrina. Torneios pré-olímpicos apontam os demais países do basquete da Rio-2016.
Na última Olimpíada, em Londres-12, a seleção masculina do Brasil terminou em quinto lugar, enquanto a feminina foi eliminada na fase inicial.
A Fiba tem o poder de garantir a classificação automática ao país anfitrião dos Jogos. Só não havia anunciado ainda o brinde ao Brasil porque a CBB tem uma dívida com a entidade, que demandou negociações e a promessa de que será honrada.
A dívida é resultado de outra garantia de vaga, a do Campeonato Mundial masculino do ano passado, no qual o Brasil terminou em sexto lugar. Com campanha pífia no derradeiro evento que poderia levá-lo, sem custos, àquela competição, a CBB teve de pagar por um convite.
Havia outros interessados, mas o histórico brasileiro (bicampeão mundial em 1959-63 e único país, ao lado dos EUA, a ter participado de todas as Copas desde a primeira, em Buenos Aires-1950) pesou na decisão da Fiba.
O problema é que o Brasil não cumpriu o combinado, dando calote em cerca de US$ 800 mil do valor acordado. O desespero em relação à Olimpíada chegou a tal ponto que até uma carta assinada por jogadores brasileiros foi endereçada à Fiba clamando pela vaga.
O anúncio da classificação automática arejou o clima para as seleções brasileiras que, a partir de agora, miram direto na Olimpíada sem a tensão de terem de lutar por um lugar no evento.
A equipe nacional masculina, sem os seus jogadores que atuam na NBA, está disputando a Copa Tuto Marchand, em Porto Rico. Na sequência, a partir da próxima segunda (31), participa da Copa América (pré-olímpico da região), no México, que classifica os dois primeiros para a Olimpíada, e o terceiro e o quarto para o Pré-Olímpico Mundial.
O técnico Rubén Magnano aproveita a competição para avaliar jogadores. No comando da seleção brasileira nos últimos cinco anos e campeão com a Argentina em Atenas-2004, ele não promete pódio, mas também não descarta a hipótese de uma surpresa positiva.
O momento dos jogadores é outro, voltado para o desafio de desempenhar um bom papel na Olimpíada em casa. Enquanto isso, como um fantasma, a dívida tira o sono da cartolagem.
Garantir o caixa é fundamental. Significa driblar o risco de sofrer suspensão da Fiba, que deixaria o país impedido de participar dos eventos internacionais. O único acesso pelos bastidores já foi usado. A Olimpíada não tem convite à venda.
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