Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Edgard Alves

Inclusão de novos esportes vai gerar debates acalorados no COI

Os congressos técnicos das federações internacionais de esportes e as reuniões do COI, que antecedem as competições e a solenidade de abertura da Olimpíada do Rio, são uma boa oportunidade para acalorados debates sobre o mundo esportivo.

Uma das discussões mais esperadas é a da proposta do comitê organizador de Tóquio-2020, que reza sobre a inclusão ou não de novos esportes naquele evento. Ela começa a ser avaliada nesta terça (2), mas o anúncio final fica para o dia 21, quando terminam os Jogos.

Várias modalidades buscam essa oportunidade. Desta vez sobressaíram e estão pré-selecionados o surfe, o beisebol-softbol, o caratê, o skateboard e a escalada.

É isso mesmo, esportes curiosos em se tratando da Olimpíada. Na verdade, o beisebol (masculino) e o softbol (feminino), controlados por uma mesma entidade, são modalidades convencionais e tentam retornar ao programa olímpico, o qual integraram até Pequim-2008.

As regras do COI passam a permitir que a cidade-sede possa propor a inclusão de esportes para os seus Jogos. Um dos objetivos é atender a demanda das novas gerações, um olhar para a juventude. Como manter o pentatlo, acompanhado por poucos, e ignorar o skate? Além disso, é a busca de alternativas para fugir da monotonia, um movimento na tentativa de aumentar o interesse dos esportistas em geral pelos Jogos.

Em 2016, duas modalidades retornam à grade do evento: o golfe, após 112 anos de ausência –foi disputado em Paris-1900 e Saint Louis-1904– e o rúgbi, que também esteve presente nos Jogos em 1900, em Londres-1908, em Antuérpia-1920 e em Paris-1924.

O rúgbi, pouco divulgado no Brasil, lembra um pouco do futebol americano. Na Olimpíada vai ser o rúgbi sevens, na qual cada time conta com sete integrantes. O golfe é mais conhecido no país, embora esteja aquém da projeção de outras modalidades.

A expectativa é a de que os dois esportes despertem a curiosidade dos torcedores. Mas há desafios a serem vencidos. O golfe dá uma ideia desses obstáculos. Antes mesmo das suas primeiras tacadas nesta nova etapa olímpica, a modalidade expôs um ponto negativo que precisa superar.

Alguns golfistas bem posicionados no ranking mundial desistiram de vir ao Rio. Parece ser mais forte o apelo dos torneios da temporada anual regulamentar do esporte, com premiações milionárias. A disputa olímpica, sem dotações em dinheiro e realizadas apenas a cada quatro anos, fica menos atrativa para os competidores.

O boxe passa por um momento semelhante. Abriu a Olimpíada para pugilistas profissionais, quebrando a tradição que permitia apenas amadores. A nova regra, no entanto, não motivou nenhum grande nome do pugilismo mundial. Como se sabe, os profissionais costumam embolsar fortunas por suas lutas.

Essa inclusão olímpica não representa uma unanimidade. Enquanto surfistas comemoraram a oportunidade do passo rumo aos Jogos, skatistas chegaram a elaborar uma petição na internet para colher 10 mil assinaturas contra a medida. Na avaliação deles, o esporte corre o risco de perder sua individualidade e liberdade.

Um ponto de vista para ser respeitado e que eleva o nível dos debates. Mas será que a cartolagem vai incluir esse assunto na pauta?

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