Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.
É cedo para o torcedor brasileiro ficar otimista ou decepcionado com Jogos
O saldo de medalhas do Brasil até agora não é animador, mas também não assusta. Está dentro das expectativas. A delegação brasileira fechou o segundo dia de competições apenas com a única medalha ganha na véspera, a de prata de Felipe Wu, no tiro, na pistola de ar de 10 m.
Na verdade, foi um pouco decepcionante o início do judô, com as eliminações de Sarah Menezes e Felipe Kitadai, respectivamente, ouro e bronze na última Olimpíada. Era esperado um pouco mais da dupla. No segundo dia Charles Chibana não passou do primeiro combate. Érika Miranda chegou a lutar pelo bronze, empatou no tempo regulamentar e caiu na prorrogação (golden score).
Nos esportes coletivos, exceto a frustrante campanha da seleção de futebol —empates com África do Sul e Iraque, ambos sem gols—, as disputas seguem mais com pontos altos do que baixos. Nos próximos dias serão finalizadas as etapas de classificação à próxima fase.
Os Jogos Olímpicos terminam só no dia 21. É muito tempo e muita oportunidade para chegar às medalhas. A meta do Comitê Olímpico do Brasil é conquistar cerca de 25 delas, total que pode colocar a delegação nacional entre as 10 mais destacadas da competição. Em Londres, ganhou 17 (3 de ouro).
Pascal GUYOT / AFP | ||
Felipe Wu conquista a primeira medalha do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio |
Apesar das chances de pódio ainda serem numerosas não significa que o Brasil conseguirá atingir a proposta do COB.Relatório divulgado pelo Goldman Sachs Group e mostrado pela Folha prevê que o Brasil ganhará 5 medalhas de ouro e 22 no total, saldo que deixará a delegação nacional fora daquele grupo que mais vezes irá ao pódio.
O cálculo leva em conta variáveis econômicas, políticas e institucionais dos países para as suas conclusões. É uma tentativa de antecipar os fatos, porém, sem qualquer garantia de precisão.
Deixa no ar uma ideia geral de possível cenário. Em 2012, o grupo acertou na mosca o número de medalhas (65) dos donos da casa, os britânicos.
Outros estudos dessa natureza pelo mundo colocam o Brasil mais ou menos na mesma faixa, variando um pouco o total de medalhas. Todos, no entanto, apontam que delegação brasileira deverá encerrar o evento com campanha melhor do que a anterior, a de Londres.
Como sempre, e sem nenhuma dúvida, os Estados Unidos vão liderar o quadro de medalhas. China e Grã-Bretanha despontam a seguir. Esse é o panorama mais óbvio da Olimpíada.
Uma disputa interessante deve ocorrer entre os países pan-americanos. Em Londres, o Canadá chegou a 18 medalhas, uma a mais do que o Brasil e quatro na frente de Cuba. Das três delegações, por sua vez, esta foi a que mais levou ouro (4 contra 3 do Brasil e um do Canadá).
Já no Pan de Toronto, ano passado, o Canadá liderou esse grupo disparado com 217 medalhas, seguido pelo Brasil, com 141, e por Cuba, com 97.
Na Olimpíada a performance desse grupo do Pan não depende exclusivamente dos confrontos diretos. Os rivais são outros e as disputas mais complicadas e difíceis. Portanto, ao torcedor resta a esperança de que haverá bom espetáculo.
Toshifumi Kitamura/AFP | ||
Sarah Menezes lamenta derrota no judô |
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