Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.
Corrida para Olimpíada de 2024 deve esquentar em outubro
Kenjiro Matsuo/Xinhua | ||
Governadora de Tóquio chega à cidade com a bandeira olímpica |
Los Angeles, Paris e Budapeste estão com suas candidaturas mantidas na disputa pelo direito de abrigar os Jogos Olímpicos de 2024.
É uma boa disputa, que deve ser mais equilibrada entre as duas primeiras, enquanto Budapeste, a capital da Hungria, segue com menos chances, sem apelos contundentes. Entretanto, faltando um ano para a escolha da sede, o quadro pode mudar, embora esta hipótese, no momento, pareça remota.
A decepção nesta campanha fica por conta de Roma. A prefeita local, Virginia Raggi, eleita em junho e criticada pela inexperiência em suas intervenções iniciais no cargo, na quarta (21) passada, anunciou o desinteresse na manutenção da candidatura da cidade.
Raggi recorreu à justificativa sempre disponível, à mão de qualquer político diante de uma candidatura olímpica herdada. Alegou que as instalações esportivas se tornariam elefantes brancos, com cujos custos a cidade não poderia arcar.
Um risco inexorável de qualquer proposta semelhante no mundo olímpico. Com informações sobre a cidade, que o cargo de prefeita propicia, e avaliações de sua assessoria, Raggi tomou a decisão que julgou mais adequada, precavendo-se de entraves no futuro.
Ainda resta uma remotíssima possibilidade de reviravolta, levando-se em conta que não houve comunicação formal ao COI da mudança de rumo e que a Câmara Municipal romana votará na quinta (29) a manutenção ou não da candidatura olímpica.
Voltar atrás depois de a prefeita ter rejeitado a postulação parece improvável, uma vez que ela conta com apoio da maioria naquela Casa.
Não bastasse isso, como defender, nas etapas seguintes da candidatura, uma proposta sem o aval da prefeita e de seus correligionários? Seria acreditar em milagres, como um raio cair no mesmo lugar várias vezes. O COI exige que a cidade postulante tenha respaldo da prefeitura, do governo nacional e do comitê olímpico do país.
Assim, com seu posicionamento, a prefeita antecipou-se ao encontro de outubro do COI, que deve receber e avaliar relatórios das concorrentes, abordando governo, aspectos legais e financiamento da sede. Em outras palavras, ela colocou uma pá de cal na candidatura.
Roma luta para promover a Olimpíada pela segunda vez, depois de ter organizado o evento em 1960, quando se valeu da competição para mostrar uma nova imagem da Itália, recuperada dos efeitos da Segunda Guerra Mundial.
Pontos turísticos da rica história de Roma eram avaliados como possíveis locais dos eventos olímpicos, entre eles o Coliseu e as Termas de Caracalla.
O recuo da prefeita romana talvez não tenha surpreendido tanto os dirigentes do COI. Em 2012, na véspera da apresentação das garantias governamentais da campanha para os Jogos de 2020, Roma também refugou, após reprovação da candidatura pelo então primeiro-ministro italiano, Mario Monti.
A próxima Olimpíada de Verão está prevista para Tóquio-2020, escolhida em setembro de 2013. A capital japonesa será a quinta cidade da história a abrigar os Jogos duas vezes.
Na anterior, em 1964, Tóquio também aproveitou a Olimpíada, como Roma, para mostrar a recuperação daquela capital e do país depois da guerra.
Já a edição de inverno dos Jogos Olímpicos, competição da qual o Brasil está mais distante por causa das suas condições climáticas, será em 2018, em PyeongChang, na Coreia do Sul.
Enquanto isso, o Comitê Rio 2016 inicia o seu balanço da Olimpíada e da Paraolimpíada, que deve ser fechado no ano que vem. Houve muita emoção e festa durante os eventos. Agora o Brasil anseia para que a alegria persista ao término do balanço. Aí veremos se a festa foi completa ou se não passou de pura ilusão.
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