Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.
COI debate sedes de Jogos e considera até eventos olímpicos mistos
Questões relevantes sobre os Jogos Olímpicos estão sendo intensamente debatidas nestes dias pelo Comitê Olímpico Internacional, em Lausanne, Suíça. O desfecho deve ocorrer na sexta-feira (9) e as decisões oficializadas em setembro.
O assunto mais palpitante é a possível definição de duas sedes olímpicas –2024 e 2028– num só pleito, quebrando a tradição de apenas uma escolha a cada quatro anos. Outro destaque fica por conta da inclusão de novas disciplinas e eventos no programa de Tóquio-2020.
Paris e Los Angeles estão no páreo para 2024, conforme abordado aqui. A ideia da escolha dupla surgiu diante da alta potencialidade das duas candidaturas. E também da carência de propostas de outras cidades, fruto de temores causados principalmente pelo gigantismo alcançado pela Olimpíada, que exige recursos de grande monta. Essa realidade apressou a possibilidade de revisão das regras.
Acontece que, a princípio, nenhuma das cidades acima mostrou interesse por um acordo. Ambas preferem bancar o evento em 2024. A saída foi abrir o debate diante do novo quadro para que as candidaturas possam apresentar suas reivindicações. O COI não quer ver a proposta derrotada perder motivação e não ser recolocada na campanha seguinte.
Igualmente urgente é a grade de eventos da próxima Olimpíada, daqui a três anos. O comitê continua focado na promoção da igualdade de gêneros e até competições mistas estão sendo avaliadas, bem como alterações em esportes sedimentados nas Olimpíadas.
O objetivo não é ampliar o número de participantes, mas de adequação do atual quadro, com a remoção de eventos para a inclusão de disputas com mulheres. Essas intervenções podem colocar homens e mulheres competindo juntos ou ampliar o número de disputas exclusivamente femininas.
Além disso, como serão as competições dos novos esportes incluídos no programa olímpico: beisebol-softbol, caratê, escalada, surfe e skate?
Estes dois últimos são praticados em alto nível por brasileiros, cotados como possíveis candidatos ao pódio no Japão. Foram esportes escolhidos pelo COI, bem como a escalada, numa tentativa de atrair a atenção dos jovens. Já o beisebol-softbol e o caratê são modalidades tradicionais praticadas pelos japoneses, os anfitriões.
No final do ano passado, na Assembleia do Conselho da Europa, na França, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, ressaltou a possibilidade de os Jogos de Tóquio contarem com participações equivalentes de homens e de mulheres.
Ocorrendo esta hipótese, a marca será praticamente o dobro da registrada em Barcelona-1992, quando atingiu 28%, seguindo-se a escalada que culminou com 45% de presença feminina nas inscrições de atletas na Rio-2016.
Na primeira Olimpíada da Era Moderna, em Atenas-1896, apenas homens competiram e, na segunda, em Paris-1900, as mulheres foram cerca de 2%. Os tempos atuais mostram um grande avanço. Melhor assim, meio a meio.
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