Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.
Vôlei está em boas mãos sob o comando de Renan Dal Zotto
Marcio Fernandes/Divulgação CBV | ||
Renan dal Zotto comanda treino da seleção masculina de vôlei |
Não se mexe em time que está ganhando. Essa máxima do esporte não valeu para a seleção masculina de vôlei do Brasil, ouro na Olimpíada do Rio. Trocou o técnico. Numa decisão estritamente pessoal, o vitorioso Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, decidiu encerrar seu ciclo à frente do time. Renan Dal Zotto assumiu o posto. E tudo indica que a equipe ficou em boas mãos.
Nesta primeira temporada sob a nova direção, a seleção iniciou com uma medalha de prata na Liga Mundial, vencida pela França, e conquistou duas de ouro, uma no Sul-Americano, que garantiu vaga no Mundial-2018, e outra na Copa dos Campeões. Faltou pouco para uma temporada perfeita, com aproveitamento de 100%. A derrota diante dos franceses na final foi apertada (3 a 2).
Entretanto, a adaptação do novo técnico mostrou que a engrenagem continua funcionando sem patinar. Bernardinho havia comandado o time por cerca de uma década e meia. Depois de um período tão longo de sucesso, é difícil manter o padrão. Mesmo assim, a equipe resiste no pódio.
Na época em que eram atletas, Renan e Bernardinho integraram as seleções vice-campeãs no Mundial-82, na Argentina, e na Olimpíada-84, em Los Angeles. Aqueles jogadores ficaram conhecidas como da "geração de prata".
Apesar dessa proximidade com Renan, Bernardinho acreditava que Roberley Leonaldo, o Rubinho, assistente na seleção desde 2006, seria o seu sucessor. Mas a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) optou por Renan, que também acompanhava o time, embora em função burocrática.
O novo treinador não descartou os campeões olímpicos na sua primeira convocação. Ficaram de fora apenas o líbero Serginho, que encerrou sua carreira na seleção, e o levantador Willian, que pediu folga.
No transcurso da temporada, jovens valores foram chamados, iniciando um novo ciclo, contudo, sem perder o foco na proposta de tentar repetir na Olimpíada de Tóquio, em 2020, a vitoriosa campanha do Rio.
A ideia é abrir espaço para jovens valores, mas com cautela, sem se descuidar da busca de resultados. Isto porque o Brasil ocupa posição de destaque no vôlei mundial e deve manter a competitividade de suas seleções em alto nível.
Na Liga Mundial, o Brasil é o maior vencedor, com nove títulos. Acumula três no Mundial. Nas duas competições, as últimas vitórias vieram em 2010. Na Olimpíada são cinco medalhas (três de ouro e duas de prata).
Renan reafirmou, em entrevista recente à rádio CBN, que ele e Bernardinho sempre estiveram próximos no entendimento do vôlei, destacando como pontos básicos a exigência, o treinamento e o empenho.
No ano que vem, o Mundial vai acontecer em setembro, em seis cidades da Itália e da Bulgária. O Brasil já levantou o troféu de campeão em 2002, 2006 e 2010.
A novidade da temporada, no entanto, será a Liga das Nações, que substituirá a Liga Mundial, no masculino, e o Grand Prix, no feminino. Cada um desses eventos terá 12 seleções permanentes e quatro vagas rotativas.
No masculino, a competição vai contar com Brasil, Argentina, China, França, Alemanha, Irã, Itália, Japão, Polônia, Sérvia, Estados Unidos e Rússia, as fixas, mais Austrália, Bulgária, Canadá e Coreia do Sul. Estão programadas cinco etapas, com três jogos em cada uma delas, mais a fase final.
Tanto a Liga, um evento anual desgastante, com muitos jogos e viagens, como o Mundial, disputado a cada quatro anos, são competições desafiadoras. O desempenho nessas disputas vai propiciar ilações sobre um possível pódio olímpico para 2020. Por ora, ainda é cedo.
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