É secretário de Redação de Edição da Sucursal Brasília. Formado em jornalismo, escreve sobre economia e política desde 2000.
Lua de mel entre governo e empresas parece estar perto do fim
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB) |
BRASÍLIA - A lua de mel está indo embora. A frase da economista Zeina Latif, dita na reunião do "Conselhão" desta segunda-feira (21), resume o clima de decepção após os seis meses recém-completados de gestão Michel Temer.
A trégua no mercado internacional acabou, o entusiasmo já pequeno se apagou, a economia ia esquentar e esfriou. A reforma da Previdência não veio, a transparência na área fiscal não veio, a popularidade não veio. A ética também não (há pelo menos três ministros pendurados na Comissão de Ética Pública, incluindo Geddel Vieira Lima ).
Reforma tributária, mudanças na área trabalhista, privatizações e fim de benefícios fiscais são todas promessas que vão ficar para 2017, talvez 2018, quem sabe 2019.
Sem todos os anabolizantes usados pela gestão Dilma Rousseff na tentativa de financiar consumo, investimento e emprego, a economia brasileira parece não ficar em pé.
E ainda fomos pegos no "antidopping" pela OMC (Organização Mundial de Comércio), que considerou ilegais sete programas de incentivo à indústria que custam um quarto do Bolsa Família por ano.
Saíram os estímulos econômicos, em geral, dinheiro público para estimular ineficiências. Mas não vieram as medidas para melhorar a produtividade, as chamadas reformas.
Enquanto isso, no Congresso que poderia aprová-las, a energia que antes se gastava na defesa das poucas propostas econômicas está agora direcionada a programas de anistia política e fiscal para beneficiar os próprios parlamentares.
O único Poder que parece mais conectado com a vida real é o Judiciário, que tem aproveitado para passar a limpo alguns esqueletos, como desaposentação, greve no setor público e terceirização. Tem feito mais que a "equipe de ouro" econômica, outrora tão celebrada e que já não é vista com os mesmo olhos, nem mesmo pelo mercado. Sem discurso, parece que tudo mofou. E agora?
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