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eduardo sodré
Imagem não é tudo
No final dos anos 1990, a Mercedes-Benz empenhou todo o seu prestígio ao lançar o Classe A.
Carro certo na hora errada -- o mundo não estava preparado para um subcompacto de luxo --, o modelo foi mal em vendas também no Brasil, onde chegou a ser produzido.
Anos mais tarde, foi a vez de a Peugeot apostar em um novo segmento e lançar a picape compacta Hoggar no país. Apesar das qualidades, as vendas são pífias.
Agora, a Toyota tem de encarar o mesmo problema com o Etios. A versão hatch teve cerca de 860 unidades vendidas na primeira quinzena de dezembro. O concorrente Chevrolet Onix, que chegou às lojas pouco depois, registrou 6.000 emplacamentos no mesmo período.
Assim como Mercedes e Peugeot, a Toyota apostou que a força de sua marca bastaria para transformar o produto em um sucesso, mas o mercado tem suas regras. Os consumidores são fiéis às suas vontades, e não aos fabricantes de carros.
O Etios foi desenvolvido na Índia e pensado para mercados em crescimento. A carroceria privilegia o espaço, mesmo que isso signifique linhas retas, de pouco brilho.
Trata-se de um carro bom de dirigir e econômico, como comprovam os resultados dos testes Folha-Mauá. Porém, o público ainda não se comoveu com os argumentos racionais que justificariam a compra.
Não faltam investimentos em publicidade para promover o Etios, mas o compacto segue eclipsado pelo desenho atraente de Onix e Hyundai HB20, outro hit da estação. Após três meses de vendas, os executivos da Toyota já devem ter certeza de que fizeram uma aposta equivocada.
O que fazer? A Mercedes insistiu por anos com o Classe A até transformá-lo em um hatch médio, que chega ao Brasil em 2013. A Peugeot já desligou os aparelhos e encerrou a produção da Hoggar.
A Toyota tenta virar o jogo com a bola rolando, pois o Etios tem um longo ciclo pela frente. Tomara que consiga, pelo bem do mercado.
Eduardo Sodré é editor-adjunto do caderno 'Veículos'. Carioca com passagens pelos principais jornais do Rio, cobre o setor automotivo desde 1999. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
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