Carioca, é especializado no setor automotivo, que cobre desde 1999. Escreve aos domingos, mensalmente.
Razão e emoção
Primeiro, vem o esboço no papel. Depois, as cotações com os fornecedores, as projeções 3D, os embates entre os departamentos de engenharia e marketing, as definições de motores e equipamentos etc. Todo o custo é contado aos centavos. Por último, mas último mesmo, vem o preço do carro.
O "quanto vale?" é definido às vésperas da apresentação oficial de um automóvel novo. Claro, os executivos têm uma ideia dos valores ao longo do projeto, sempre adequados ao segmento, mas a cifra que constará da tabela sugerida pelo fabricante só é fechada às vésperas de o produto chegar às lojas.
Se o consumidor considerar o preço adequado e o automóvel for bem aceito pelo público por razões racionais e emocionais, nascerá um sucesso de mercado.
O exemplo da vez é o hatch compacto Hyundai HB20, que fechou fevereiro como o quarto carro mais vendido do Brasil. Somente a capacidade limitada de produção da fábrica de Piracicaba (SP), que gerou uma fila de espera de quatro meses pelo modelo, poderá diminuir o interesse dos compradores.
Outros furacões já passaram pelo mercado brasileiro. Em 1994, o Chevrolet Corsa, primeiro popular moderno, sumia das concessionárias e reaparecia em lojas independentes com até 50% de sobrepreço. No ímpeto de ter o carro em sua garagem, o consumidor pagava.
Fato semelhante aconteceu quando a Honda lançou o New Civic, em 2006. Sucesso imediato, o sedã era comercializado com ágio na rede concessionária.
O que há em comum entre esses casos é a ansiedade do comprador, que subverte a lógica. Sabe o preço sugerido, que parecia adequado? Não é mais, pois o cliente pagou mais caro pelo produto. Os motivos racionais saem de cena, e o que resta é emoção pura.
Certo estão os fabricantes, que começam tudo com um simples esboço no papel e contam os centavos na hora de discutir os custos.
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