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eliane cantanhêde

 

12/03/2008 - 20h47

Senhores da guerra e da paz

O Brasil reagiu prontamente contra a ação da Colômbia no Equador, mas ao mesmo tempo torceu o nariz para os beligerantes Chávez e Bush. O venezuelano chamou o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, de "criminoso" e disse que mandaria tropas para a fronteira. O americano foi na contramão de todo o continente e deu apoio incondicional à violação do território equatoriano.

Agora, com o acordo entre Colômbia e Equador, Lula trata de botar panos quentes com Chávez, para quem telefonou ontem (12/03), e com os EUA, no encontro que terá hoje em Brasília com a secretária de Estado, Condoleezza Rice. O Brasil é de paz...

No telefonema para Chávez, Lula o "felicitou pelo seu desempenho na reunião do Grupo do Rio", segundo o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Os dois acertaram também detalhes da viagem que farão juntos no próximo dia 26 para Recife, onde está sendo instalada uma refinaria binacional.

E, apesar de a viagem de Condoleezza ter sido marcada antes do início do conflito --o bombardeio foi na madrugada de sábado, 1º de março--, a questão das Farc e as relações internas na América do Sul são consideradas assuntos certos nas conversas dela hoje com Lula, no Planalto, e com o ministro Celso Amorim, no Itamaraty.

A expectativa é de que Lula, assim como elogiou Chávez ontem, também vá de alguma forma agradecer a não-ingerência dos EUA na reunião decisivas e no documento final da OEA (Organização dos Estados Americanos) que criou condições para a paz, selada depois no Grupo do Rio.

Na próxima segunda, chanceleres da OEA se reúnem em Washington para discutir um discurso e uma ação comuns diante das Farc, e Condoleezza deverá estar presente. Uma possibilidade é a criação de uma "comissão militar permanente" para proteger as fronteiras.

Outro tema de hoje com a secretária de Estado é o Oriente Médio. Os EUA têm interesse na ampliação dos países que conversam sobre soluções para aquela região, e o Brasil se coloca como um deles. Foi anfitrião de um encontro Árabes-América do Sul, em 2005, e participou no ano passado de uma conferência entre árabes e judeus em Annapolis (EUA).

Além disso, Condoleezza acaba de acompanhar Bush numa viagem ao Oriente Médio, e Amorim visitou cinco países da região no mês passado. Estão com o assunto na ponta da língua.

Condoleezza também pretende abordar temas bilaterais nas áreas de economia, meio ambiente, segurança, comunicações, com destaque para o programa de biocombustíveis. E deve pedir para as companhias aéreas dos EUA obterem mais autorizações de vôo entre Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza e cidades norte-americanas.

Ela vem a convite do governador Jaques Wagner para visitar a Bahia, onde vai conhecer programas sociais, projetos de turismo étnico e um terreiro de Umbanda. Em Brasília, a secretária poderá enfrentar protestos da UNE, que pretende ostentar na frente do Planalto um painel vermelho, de 2m de altura e 7m de comprimento, com uma frase em português e inglês: "A América Latina tem seu destino. Fora Rice, senhora da guerra!".

eliane cantanhêde

Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha, onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do telejornal 'GloboNews em Pauta' e da Rádio Metrópole da Bahia.

 

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