É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.
Gira-gira
Braço direito do dono da Red Bull para assuntos de automobilismo, Helmut Marko concedeu entrevista para o site da F-1. O assunto, Max Verstappen, contratado para correr pela Toro Rosso no ano que vem.
Provocado a comparar o novato com algum piloto do passado, o austríaco foi incisivo.
"Senna."
E justificou.
"Não devemos olhar para a idade. Max tem um talento excepcional, do tipo que só aparece uma vez em décadas. Ele tem conversado com especialistas em desenvolvimento, e todos dizem que sua idade mental é de 22 anos. Além disso, compete profissionalmente desde os 4. Temos a expectativa de que ele será competitivo desde a estreia."
O que mais impressiona na comparação não é a comparação em si. Outros já foram comparados a ídolos, acontece o tempo todo em tudo quanto é esporte.
A quantos novos Pelés já não fomos apresentados? Quantos novos Sennas não surgiram e desapareceram, antes mesmo de chegar à F-1?
O que choca é a crueldade deste caso específico. Porque este é um caso todo especial.
Max não é apenas mais um novato. Ele se tornará em 2015 o mais jovem piloto a correr na principal categoria do automobilismo. Tem 16 anos, pombas! E não se pode dizer ao mundo, por mais que se acredite nisso, que um adolescente é comparável a Senna.
No último ano, Marko foi tema de duas colunas. A mais recente, sobre sua maior qualidade: a capacidade de peneirar talentos, de descobrir garotos promissores. A primeira tratou de um ponto negativo: a falta de sensibilidade com que trata esses jovens, o que muitas vezes transforma a Toro Rosso num moedor de promessas.
Não é preciso ir longe para buscar exemplos do que essa comparação pode causar.
O atual grid lembra um episódio triste, repleto de semelhanças com o que acontece agora. E com uma coincidência incrível, daquelas que mostram como o mundo gira.
O piloto do carro 20, Kevin, é filho de um dos maiores fracassos da história da F-1.
Jan Magnussen chegou à categoria com o status de ter batido recordes de Senna na F-3 inglesa. Era tratado exatamente como Max agora: um novato que certamente brilharia no momento em que sentasse num F-1. O talento superaria qualquer dificuldade. Título era questão de tempo.
Não foi bem assim. Jan nunca conseguiu ser o que diziam que ele era.
De fiasco em fiasco, foi dispensado definitivamente pela Stewart após o GP do Canadá de 98.
Aquele "novo Senna" nunca mais pilotaria na F-1.
Quem correu no seu lugar, na prova seguinte? Exatamente o pai do atual "novo Senna", então um bebê de 9 meses: Jos Vertappen.
fseixasf1@gmail.com
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