É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.
O ano de Massa
Massa viverá em 2016 uma situação que já enfrentou em 2002, 2007, 2010, 2012, 2013 e até mesmo no ano passado.
Será sua última temporada de contrato com a atual equipe.
Isso sugere pressão, implica responder perguntas desde o início da temporada, significa estar no olho do furacão da boataria o tempo todo.
O brasileiro será uma das peças-chaves da "silly season", podem apostar.
Nada novo. Nas temporadas citadas ali em cima, ele passou por isso.
Deu-se mal em 2002, é fato, quando perdeu o assento na Sauber. Mas não foi tão trágico assim: passou o ano seguinte testando pela Ferrari, estreitando suas relações com o pessoal de Maranello, pavimentando o caminho dos anos que seguiram.
Em 2013 a renovação também não veio. Mas foi algo positivo. Massa precisava mudar de ares após oito temporadas na Ferrari, as quatro últimas na sombra de Alonso.
Na Williams, o brasileiro recuperou o ânimo. Não voltou a empolgar, é verdade. Mas ajudou na reconstrução da equipe e, embora tenha ficado atrás de Bottas nos dois últimos Mundiais, não precisou se sujeitar a nenhum "faster than you". A parceria foi benéfica para os dois lados: time e piloto.
A questão é: ele tem espaço na F-1 para além desta temporada?
Os números ajudam a responder.
Há uma marca bastante significativa: GPs disputados.
Em Abu Dhabi, Massa chegou a 229 corridas na F-1. É o mesmo currículo de Fisichella, emblemático representante da categoria "móveis e utensílios" na última década.
Está aí um ponto fundamental na sua missão em 2016: mostrar que ainda tem lenha para queimar, que tem como contribuir, que pode ser mais do que pajem de pilotos novatos. Em outras palavras: deixar claro para os dirigentes que não é mais um Fisichella.
Um bom caminho é tentar tirar mais das unidades de potência da Mercedes.
Em que pese a Williams trabalhar com motores defasados em relação à equipe de fábrica –e Massa levou um puxão de orelhas quando reclamou disso no começo de 2015–, a impressão é que ainda há margem para melhorar.
Novamente vale recorrer aos números. Nos cinco últimos grids do ano, a desvantagem média do brasileiro em relação ao pole –sempre Rosberg, da Mercedes– foi de 1s939.
Não, a diferença dos motores não chega a tudo isso.
Noves fora tanta elucubração, há o fato primordial, que só Massa pode responder: ele quer?
Depois de tanto tempo na F-1, talvez seja a hora de novamente buscar novos ares, novos desafios.
Até pouco tempo, a Indy era a única opção. De anos para cá, o Mundial de endurance tornou-se especialmente interessante. Webber, Wurz e Di Grassi que o digam.
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