É repórter especial da Folha. Foi secretário de Redação, editor de política, do "Painel" e correspondente da Folha em NY e Washington. Vencedor de quatro prêmios Esso.
Lado B da boa notícia
É fácil ficar irritado com atendimentos no Brasil.
A morosidade nos caixas, o serviço público, os péssimos callcenters, o "sistema caiu" e os "posso ajudar?" das lojas.
Ou com a qualidade de muitos bens industriais. E a surpreendente falta deles em sites de comércio.
E os preços?
Soubemos que a média do desemprego no país (6 maiores regiões metropolitanas) em 2013 caiu para 5,4%. Menor taxa da série do IBGE.
Boa notícia. Pois a grande melhora entre os mais pobres vem se dando pelo trabalho e aumento da renda.
Mas sem um aumento da produtividade desses empregados, isso não dura.
Dados do Ipea (Ministério do Planejamento) mostram que de todos os bons períodos que o Brasil viveu desde os anos 60, a década de 2000 é a que o aumento da produtividade do trabalho foi a menor em relação à expansão da economia.
Traduzindo: contrata-se mais gente, com rendimentos cada vez maiores. Mas a produção deles não cresce na mesma proporção.
O Brasil só ganha de poucos países africanos e latino-americanos como o Haiti quando se trata de gerar mais produtos com a mesma quantidade de capital e trabalho.
Nossa produtividade equivale a um quinto da norte-americana.
Outros estudos* sugerem que a produtividade em países similares ao Brasil responde por mais de 80% da alta do PIB; no Brasil não chega a 30%.
Isso tem muito a ver com o "estoque" de trabalhadores que estava disponível até agora. Mas ele diminuiu.
Assim, entramos numa nova quadra: mercado de trabalho muito "apertado", com salários em alta, competindo por uma quantidade de bens e serviços que não cresce no mesmo ritmo (quadro abaixo).
O resultado é a inflação renitente que o Brasil do "pleno emprego" vive hoje.
Editoria de Arte/Folhapress |
Como comparação, a tendência nos EUA (abaixo).
A produtividade cresce com cada vez mais tecnologia, infraestrutura, treinamento e educação, sem grandes pressões sobre a renda e a inflação.
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* Fundação para Inovação e Tecnologia da Informação (ITIF, na sigla em ingês), baseada em Washington.
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