Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).
Errar na política é fatal
BRASÍLIA - Presidentes podem errar em muitas áreas. Adotar prioridades equivocadas na educação e na saúde. Decretar moratória da dívida externa sem saber como consertar a economia. Usar dinheiro de sobras de campanha. Comprar deputados para aprovar uma emenda constitucional. Autorizar um esquema de pagamento de propinas mensais.
Só há uma área na qual um presidente da República não pode derrapar: na política. Se o manejo político vai para o brejo, é difícil mitigar os estragos produzidos por outros tropeços.
Mas política não é uma ciência exata. É impossível saber quando o governante esgotou a sua taxa aceitável de barbeiragens. Em geral, percebe-se a degeneração só depois de a situação já estar irreversível.
O processo do impeachment de Fernando Collor, em 1992, foi um exemplo clássico de péssima administração política. Não se entenda aqui "administração política" como comprar congressistas e mergulhar na fisiologia. Trata-se de exercer a arte da grande política. Conversar, saber ouvir. Às vezes, do outro lado da mesa, pode estar alguém com interesses heterodoxos. Ainda assim, é preciso buscar algum ponto de convergência dentro dos padrões da legalidade e da decência.
No caso da administração Dilma Rousseff, é nítida a dificuldade para gerenciar a política. Impressiona o número de aliados, petistas ou não, que hoje festejam o inferno astral da presidente.
Ela já chegou ao limite ou ainda há tempo para reparar os estragos? Não há resposta para essa pergunta. Múltiplos aspectos devem ser considerados. Por exemplo, ninguém sabe se o mau humor atual dos agentes econômicos é passageiro ou se veio para ficar.
Tudo considerado, Dilma está perigosamente perto da taxa máxima de erros na política. Mas ela e todos nós só saberemos se o governo deu "perda total" no início de 2014.
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