Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).
A miragem de Dilma
BRASÍLIA - O Datafolha acaba de fazer uma nova sondagem eleitoral e também sobre a popularidade do governo de Dilma Rousseff.
Quando se observa a curva de aprovação de Dilma, nota-se que a petista foi vítima de uma miragem depois dos protestos de rua em junho do ano passado. Sua popularidade caiu de 65% para 30%.
Dilma fez então uma série de movimentos, inclusive alguns que não melhoram em nada sua aprovação popular –como a polêmica proposta de Constituinte exclusiva para a reforma política. Em novembro passado a popularidade da presidente foi a 41%. Era uma miragem. Só que o Planalto enxergou as coisas entrando nos eixos. Nessa crença, mais popularidade viria por decantação.
A avaliação resultou completamente errada. Na realidade, os 30% de junho de 2013 estavam contaminados pelo momento. Passados os protestos, Dilma apenas voltou para onde já estivera na fase pré-marchas. Ocorre que os seus 40% eram corroídos por uma erosão silenciosa.
Feliz com a recuperação postiça de popularidade, Dilma sumiu do mapa. Quando fevereiro chegou, os magos do governo acordaram novamente. As coisas não estavam tão bem assim. No começo de abril, a presidente derrapou para 36% de aprovação. Agora, está em 35%.
Nas últimas semanas, Dilma mergulhou em ações midiáticas. Falou mais com jornalistas, numa abordagem curiosa sobre como se dá o relacionamento de um presidente com a mídia. O contato só existe como um favor ou se há uma crise –quando deveria ser um ato republicano constante de quem exerce o poder.
E qual foi o efeito da investida de marketing? Nulo (ela ficou no mesmo lugar) ou Dilma estaria pior se não tivesse feito nada? Difícil saber.
Uma coisa é certa. As reações da presidente sempre parecem pouco estudadas, tardias e com consequências aquém do que desejariam os seus aliados, dentro e fora do PT.
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