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gilberto dimenstein
Pelados por São Paulo
DE SÃO PAULO
É um inteligente jeito de tirar a roupa para ajudar a cidade de São Paulo. Neste final de semana, um grupo de ciclistas desfila pelas ruas de São Paulo no protesto batizado de Pedalada Pelada. É uma manifestação que já vem ocorrendo faz algum tempo (acesse as imagens aqui), mas, neste ano, tem um significado mais forte.
O evento ocorre num momento especial. A morte da bióloga Juliana Dias, na avenida Paulista, deu origem a uma manifestação nacional. A cidade viveu o pânico da falta de combustível nos postos, revelando a dependência doentia do carro. A chantagem dos caminhoneiros mostrou nossa fragilidade. Os congestionamentos cada vez maiores, apesar de todas as obras, fazem com que ideias difíceis de engolir como o pedágio urbano sejam mais ventiladas. Vemos como o rodízio está perdendo o efeito.
Crescem as campanhas contra a violência contra o pedestre. Começamos a memorizar quantas pessoas são mortas ou acidentadas por dia.
Cada vez mais pessoas vão percebendo que o carro é uma praga urbana e deve ser combatido, limitado, em nome de um mínimo de civilidade. E, assim, todos devem ser treinados a andar mais a pé, metrô, ônibus, bicicleta. Ou compartilhar o táxi ou veículo particular.
O poder público é demandado a tomar mais medidas para um trânsito menos violento.
Daí que, neste ano, a Pedalada Pelada tem um significado ao mostrar que, na violência cotidiana do trânsito, estamos todos nus.
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É a segunda vez que São Paulo mostra, neste ano, como tirar a roupa com inteligência por uma causa. Um grupo de amigos deixou-se fotografar sem roupa em solidariedade a uma amiga que teve a privacidade invadida e as fotos divulgadas na internet (veja as imagens aqui).
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.
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