É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
Escreve às terças, quartas, sextas, sábados e domingos.
Igualdade no século 23
SÃO PAULO - Deu na Folha que, a manter-se o atual ritmo de queda da desigualdade entre homens e mulheres no Brasil, elas só vão ganhar o mesmo que eles em 2085. A igualdade nos cargos de diretoria e conselho de grande empresas só virá em 2213, e, na Câmara dos Deputados, no ainda mais longínquo 2254. O que está acontecendo?
A explicação padrão das alas mais radicais do movimento feminista é conhecida: discriminação. Até acho que o preconceito responde por uma parte do fenômeno, mas ela é pequena. Não é difícil ver o porquê. Se empresas pudessem mesmo obter de um funcionário o mesmo rendimento pagando 30% menos, como quer a narrativa feminista, não há muita dúvida de que apenas mulheres seriam contratadas. O compromisso das firmas com o lucro tende a ser maior do que com o machismo.
Isso significa que o mais provável é que o rendimento não seja o mesmo. Aqui temos duas possibilidades. Ou mulheres não são tão boas quanto homens no que fazem, ou não dão ao emprego a mesma prioridade que eles. A segunda alternativa parece mais verossímil, já que, a crer no desempenho escolar, que é uma prévia do preparo para o trabalho, elas são na média bem melhores do que eles. De fato, quando se levam em conta fatores como jornada de trabalho, tipo de emprego escolhido, intervalos para a gravidez, disponibilidade para viagens, para horas extras etc., a diferença cai bastante.
Qual deve ser o objetivo do movimento feminista? Ele deve exigir que mulheres tenham participação proporcional a seu peso demográfico (51%) em todas as carreiras ou apenas eliminar obstáculos para que elas que tenham a maior liberdade possível para fazer escolhas? Fico, de novo, com a segunda opção, já que a primeira nos levaria em algum momento a obrigar mulheres a seguir caminhos que talvez não desejem, como confiar ao pai a consulta com o pediatra ou tornar-se políticas.
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