É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
Escreve às terças, quartas, sextas, sábados e domingos.
Fracasso nacional
Bruno Santos/Folhapress | ||
Estudante durante aula |
SÃO PAULO - O ensino no Brasil é um desastre. Encontramos sinais do fracasso onde quer que olhemos. Os recém-divulgados resultados do Pisa mostram que o país ocupa as últimas posições entre as 69 nações e territórios que participam da avaliação. Depois de uma discreta melhora na primeira década deste século, o Brasil estagnou e permanece a uma distância abissal dos Estados mais desenvolvidos.
Na hipótese, em princípio factível, de aprimorar a nota média em 1,5% a cada triênio, levaríamos a bagatela de 60 anos para atingir a média dos países da OCDE. Isso, é claro, no falso pressuposto de que eles ficarão parados ao longo destas décadas.
Alguém poderia tentar edulcorar a situação afirmando que o Pisa é só uma prova, que não retrata os efeitos positivos das escolas brasileiras na vida do cidadão de carne e osso. Pois bem, um novo estudo do economista Ricardo Paes de Barros acabou de mostrar que, entre 1980 e 2010, cada ano a mais de estudo resultou num aumento de produtividade equivalente a US$ 200 por trabalhador, o que é irrisório na comparação com outros países. No Chile, o impacto de cada ano extra de escola foi de US$ 3.000 e, na Coreia do Sul, US$ 6.800.
OK, dirá o otimista irredutível, não estamos indo às mil maravilhas no ensino básico, mas aqueles que conseguem avançar e concluir um curso universitário se saem razoavelmente bem. Infelizmente, não é verdade.
Os advogados são a única categoria profissional que submete todos os formandos a uma prova de qualificação técnica, e os resultados são desastrosos, com índices de reprovação flutuando em torno dos 80%.
Consertar o sistema educacional brasileiro não é tarefa simples e, se fizermos tudo absolutamente certo (o que é improvável), dificilmente haverá resultados palpáveis antes de um par de décadas. Como o bônus demográfico brasileiro está perto do fim, vamos nos condenando a ser no máximo um país de renda média. É triste.
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