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henrique meirelles

 

27/01/2013 - 03h30

A fórmula do crescimento

No momento em que tanto se discute o aumento de produtividade no Brasil, é importante olharmos exemplos de países que foram bem-sucedidos na área. Cingapura é um caso muito interessante.

O país tornou-se totalmente independente na década de 60. Era, na época, uma pequena cidade-Estado portuária, sem recursos naturais e muito pobre. O desafio era adicionar valor e crescer com base exclusivamente na produtividade, na sua capacidade de prestar serviços e de produzir bens que pudessem ser consumidos por outras regiões do mundo.

Sua renda per capita naquele período equivalia à das regiões mais pobres do Brasil. Hoje, como um dos líderes globais em produtividade, sua renda per capita é de cerca de US$ 40 mil/ano, um dos países mais ricos do mundo.

Conversando, certa vez, com Lee Kuan Yew, primeiro premiê e principal líder do país, ele citou aspectos esclarecedores da bem-sucedida estratégia cingapuriana. Inicialmente, disse ele, é importante desenvolver estratégia adequada às características do país.

Ao contrário do Japão, da Coreia do Sul e da China, Cingapura decidiu basear seu crescimento, nesse primeiro estágio, em indústrias subsidiárias de multinacionais. Em seguida, estimulou fornecedores das empresas globais usando o banco nacional de desenvolvimento. Depois, o objetivo foi tornar-se grande centro financeiro e de prestação de serviços global com investimentos em infraestrutura, comunicação e qualidade de serviço. Para isso, focou investimentos em educação.

Questionado por que não optara por estimular logo no início a criação de grandes indústrias, Lee disse que não havia escala necessária no país. Perguntado se estava se referindo ao fato de Cingapura não ter mercado interno suficiente para sustentar o nascimento de grandes grupos, respondeu que não era este o ponto, pois esses grupos poderiam vender para o mundo todo, prescindindo de um mercado doméstico. Esclareceu que se referia à escala de talento, ao número de profissionais qualificados para administrar as empresas, fazer pesquisa e desenvolvimento, criar, construir e administrar um grupo global.

Os EUA, por exemplo, têm não só educação de primeira, mas também número de formados muito elevado, criando a escala que viabiliza a seleção de profissionais para desenvolver grande número de empresas globais.

O que Cingapura mostra é que, independentemente da estratégia, que precisa se adequar às condições de cada país, a capacidade nacional de desenvolvimento dependerá da capacidade de produção da população. Ou seja: os três fatores mais importantes para o crescimento de um país no longo prazo são educação, educação e educação.

HENRIQUE MEIRELLES escreve aos domingos nesta coluna.

henrique meirelles

Henrique Meirelles é presidente do Conselho da J&F (holding brasileira que controla empresas como JBS, Flora e Eldorado) e chairman do Lazard Americas. Ele foi presidente do Banco Central do Brasil de 2003 a 2010 e, antes disso, presidente global do FleetBoston e do BankBoston.

 

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