Igor Gielow

Repórter especial, foi diretor da Sucursal de Brasília da Folha. É autor de “Ariana”.

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Igor Gielow

Exposição de práticas é mais danosa a Bolsonaro do que chamá-lo de fascista

Crédito: Joel Silva - 8.jan.2018/Folhapress Filho de Jair Bolsonaro, o também deputado federal Eduardo, cochicha no ouvido do pai durante evento
Filho de Jair Bolsonaro, o também deputado federal Eduardo, cochicha no ouvido do pai durante evento

A reação agressiva de Jair Bolsonaro às revelações acerca do crescimento patrimonial de sua família de políticos e do uso indevido de auxílio-moradia foi previsível. O que não é possível prever ainda é o efeito desse e dos futuros escrutínios que a vida do deputado sofrerá sobre as suas intenções de voto para presidente.

Patrimônio multiplicado

Grosso modo, ao longo de 2017 o fenômeno Bolsonaro foi visto como uma ameaça a uma candidatura mais orgânica do centro/governismo que poderá enfrentar Lula ou seu preposto num segundo turno. Mas poucos consideravam o deputado um nome sustentável no longo prazo.

Primeiro, por não ter estrutura partidária que lhe garanta capilaridade, horário de TV, dinheiro. Segundo, porque há uma crença entre estrategistas eleitorais em que essa exposição desinfetante ao sol derreterá o apoio a Bolsonaro.

Uma coisa é certa. A demonização pura e simples, tão ao gosto de uma esquerda sem espelho, não funcionará no caso do deputado. Chamá-lo de fascista tende a reforçar o núcleo duro que o apoia, o pessoal da intervenção militar e afins, e também um certo núcleo expandido, daqueles que veem nele uma negação à política tradicional.

Esse segundo grupo é mais vulnerável a eventuais revelações sobre as práticas do deputado e seu entorno. A exploração em campanha de seus arroubos mais extremados e grotescos também pode surtir efeito sobre esses eleitores, acreditam esses politicólogos de diversas colorações.

Bolsonaro passou 2017 treinando praticamente sozinho. Em 2018, estará em campo com gente bem mais experiente do que ele. Vejamos como se comportará a arquibancada.

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