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jaime spitzcovsky
Cães e a espionagem na Casa Branca
Pouca gente prestou atenção a um dos momentos mais relevantes do discurso da vitória de Barack Obama ao conquistar a reeleição. Iniciada sob o signo do retorno fácil à Casa Branca, a campanha atravessou, no final, momentos de pânico diante da hipótese de derrota. A celebração do triunfo emanava tons de alívio e de muito agradecimento a quem ajudou o presidente a superar as armadilhas da corrida eleitoral.
De olho nas filhas Sasha e Malia, Obama disparou: "Estou muito orgulhoso de vocês". Elogio feito, o presidente se sentiu à vontade para revelar uma queda de braço familiar: "Mas direi que, por enquanto, um cão é provavelmente suficiente".
Bo, o cão-d'água português da família, também entendeu o recado de que deverá continuar seu reino solitário na Casa Branca. O presidente, no entanto, abriu uma fresta para especulações ao usar a palavra "provavelmente". Apostas surgiram sobre um "pug" ou um "chow chow" nos corredores de Washington.
Ilustração Tiago Elcerdo | ||
Cães costumam ganhar destaque no ritual presidencialista norte-americano. O historiador Douglas Brinkley, da Universidade Rice, argumentou ser "quase obrigatório" aos moradores da Casa Branca abrigar um animal de estimação. "Exigimos um 'primeiro-pet'", notou ele, numa analogia com o termo "primeira-dama".
Histórias de cães presidenciais se revestem de notoriedade nos EUA. A texana Jennifer Boswell Pickens recentemente lançou o livro "Pets na Casa Branca", com mais de 200 fotos e histórias de animais com seus poderosos donos. A obra relembra a saga de Pushinka, presente do soviético Nikita Khrushchev a John Kennedy.
Como mandava a cartilha da espionagem na Guerra Fria, a cadela foi submetida a uma bateria de exames num hospital militar para checar se ela não trazia um microfone escondido. Poderia ser uma versão James Bond de quatro patas.
Jaime Spitzcovsky, jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e em Pequim. Escreve sobre animais de estimação aos domingos, a cada duas semanas.
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