Jaime Spitzcovsky

Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e Pequim.

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Jaime Spitzcovsky

Resultados das urnas em Hong Kong e na Rússia alertam mandatários

Separadas por uma quinzena, manchetes desnudaram comportamentos antagônicos de eleitores em dois rincões do planeta.

Em Hong Kong, a disputa para o Parlamento cravou o mais alto índice de participação nas urnas desde o retorno ao domínio de Pequim, em 1997. Na Rússia, taxa recorde de abstenção na era pós-soviética contribuiu para modelar a corrida à Câmara dos Deputados.

Tendências opostas, no entanto, convergem ao emitir alarme para os mandatários em Moscou e Pequim. Sinalizam mudanças em curso nas sociedades russa e chinesa, com potencial para colocar em xeque projetos de poder no Kremlin e em Zhongnanhai.

Em Hong Kong, a taxa de participação alcançou 58%, contra 45% em 2008. Ecoam efeitos dos protestos estudantis de 2014, com demandas por aprofundamento da democracia herdada do colonialismo britânico e por menos interferência da mão pesada do Partido Comunista Chinês.

Seis das 70 cadeiras do Parlamento foram abocanhadas por candidatos ligados a movimentos estudantis e defensores de uma plataforma inaceitável para o Partido Comunista: a independência de Hong Kong em relação a Pequim.

O maximalismo estudantil se lambuza de utopia, devido à multiplicidade de laços profundos entre Hong Kong e o resto da China. Mas os mandarins em Pequim recebem o avanço da mobilização na ex-colônia britânica como um alerta. A combinação de novas classes médias com revolução tecnológica sabota, no médio prazo, arquiteturas autoritárias, em Moscou ou em Pequim.

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