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josé luiz portella

 

06/10/2011 - 07h01

Expansão do Universo e a política

Enquanto dois grupos de três cientistas descobrem que o Universo está em expansão, contrariando o que se pensava antes, a maneira como se faz política continua a mesma.

Política no sentido de fazer as coisas acontecerem. Implantar, de fato, políticas públicas.

Os processos permanecem estagnados, envoltos em muito corporativismo , conservadorismo e egos mil. Estes sim, em expansão.

Desde a forma como se elaboram projetos de lei, a sua lenta tramitação cheia de percalços até a aprovação, cheia de consensos que tornam os projetos quase inócuos para a sociedade.

Os poderes executivos têm a mesma forma de divisão por áreas de atuação com pastas tradicionais e a visão que para resolver um problema é preciso criar ministério ou secretaria a mais. Não se pensa em implantar áreas novas, com outro escopo, outras fronteiras mais condizentes com a realidade do mundo atual.

A forma de gestão da coisa pública também é atrasada e mantém guetos e porteiras fechadas agravadas por possíveis loteamentos partidários de cargos.

O mundo vai quebrando certezas científicas embasadas por anos, a Teoria da Relatividade de Einstein, que o consagrou e tornou-o símbolo de inteligência humana é contestada com argumentos sólidos. Na política, nada.

A forma é imutável.

A política precisa de uma revolução. De uma expansão continua como perceberam agora no Universo.

Uma energia clara, que possamos ver e tocar com as mãos. De abstrato basta a energia escura descoberta.

Precisamos de gente que encarne a inovação. Algum trabalho político que surpreenda.

Em vez disso, vemos as coisas cada vez mais atadas. A começar pelos debates de campanha que, na prática, deveriam servir para mostrar quem são os candidatos. São o oposto, prestam-se para igualá-los. A ordem é responder conforme a pesquisa padrão e as orientações dos marqueteiros. Não há um debate de políticas públicas, de ideias, de forma de governar. Vence que não arrisca. Vence quem defende a luz elétrica e a água enganada. O paraíso do óbvio.

O Universo caminha para enterrar dogmas, verdades absolutas, protocolos. A política, no Brasil, esforça-se para ser matéria escura, sem graça, sem a vivacidade das inovações.

O ponto central dessa história é que estamos a cada dia perdendo nossa capacidade de mudar as coisas, sonhar, agir com ideais.

Não se sabe mais fazer nem oposição de forma a obrigar a situação a se virar e melhorar o desempenho.

É um mergulho nas trevas da Idade Média. O Universo se expande, a política se encolhe.

E nós ficamos mais longe de coisas simples, singelas, como uma cidade que tenha calçadas decentes.

Talvez um prefeito que as conserte, ganhe um prêmio Nobel de administração pública.

josé luiz portella

José Luiz Portella Pereira, 60, é engenheiro civil especializado em gerenciamento de projetos, orçamento público, transportes e tráfego. Foi secretário-executivo dos Ministérios do Esporte e dos Transportes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos e de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo e presidente da Fundação de Assistência ao Estudante. Formulou e implantou o Programa Alfabetização Solidária e implantou o 1º Programa Universidade Solidária. Escreve às quintas-feiras.

 

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