Publicidade
Publicidade
juca kfouri
O gato de Marin
DE SÃO PAULO
Respeitado cidadão brasileiro que prefere não ser citado, mas que certamente testemunhará na Justiça se for o caso, mora no mesmo prédio de José Maria Marin.
Um dia passou a estranhar o alto valor de sua conta de luz, em milhares de reais.
Solicitou então verificação da empresa fornecedora de eletricidade e descobriu que pagava, além de seu consumo, o do vizinho futeboleiro.
Que, constrangido diante do gato flagrado, se prontificou a desfazer o cambalacho.
As relações de boa vizinhança foram preservadas e a vítima preferiu calar delicadamente, embora em pelo menos uma ocasião tenha contado o episódio para mais de uma pessoa --e confirmado à coluna.
Marin, recentemente, fingiu indignação em entrevista ao repórter Fernando Rodrigues, desta Folha, quando perguntado sobre momentos vexaminosos de sua vida.
"Uma medalha!", exclamou com ares de incredulidade, ao tentar minimizar o que está gravado e apresentado em imagens que correram o mundo, para estupefação até mesmo de altos cartolas da Fifa.
Incomparavelmente mais grave foram seus discursos na Assembleia Legislativa paulista que ajudaram a levar o jornalista Vladimir Herzog à Oban e lá ser torturado até a morte em 1975. Na mesma entrevista, Marin também aparentou se sentir profundamente ofendido com a denúncia, embora o Diário Oficial daqueles tempos sombrios esteja aí para desmascará-lo irrefutavelmente.
Além do mais, ainda na entrevista, ele desmentiu a conversa que tivemos em voo a que me referi como se para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e que ele refutou ao argumentar que jamais estivera em Cochabamba...
A conversa existiu, em 1985, tal e qual aqui relatada, durante as eliminatórias para a Copa do Mundo do ano seguinte, no México, mas, de fato, para Assunção, no Paraguai, na primeira fila de um avião da Varig-Cruzeiro. Então, disse-me que era impossível alguém governar São Paulo, como ele governou, por pouco tempo que fosse, sem enriquecer.
Já o gato, a gambiarra, o cambalacho deu-se aqui mesmo, em São Paulo, em luxuoso edifício nos Jardins.
Reflita o raro leitor em que mãos estão a CBF e o COL.
Pondere a presidente da República se não há nada a fazer em relação a personagem tão bizarro.
O planeta o verá abrindo a Copa do Mundo?
O DÉRBI
O 2 a 2 entre Corinthians e Palmeiras ficou bem porque a abnegação e a humildade alviverdes compensaram a superioridade e autossuficiência alvinegras.
E teve no segundo gol corintiano, de Cássio para a matada genial de Pato, mais um gol para ficar registrado na vida de Romarinho.
Já na quarta-feira, a quase 4.000 metros de altitude, só um milagre evitará que o Corinthians perca sua invencibilidade de 14 jogos na Libertadores, em Oruro, na Bolívia.
Juca Kfouri é formado em ciências sociais pela USP. Com mais de 40 anos de profissão, dirigiu as revistas 'Placar" e "Playboy'. Escreve às segundas, quintas e domingos.
+ Canais
+ Esportes
As Últimas que Você não Leu
Publicidade