Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Hexa com chocolate!
A época é de Natal, a Páscoa já passou.
Só que não avisaram o time misto do Corinthians, com nada menos que oito jogadores diferentes em relação ao jogo contra o Vasco.
A missão deles, não perder no dia da festa do hexacampeonato para o arquirrival São Paulo em luta pelo G4, era complicada.
Empatar estaria de bom tamanho. Vencer seria divino.
Mas Bruno Henrique, Romero, Edu Dracena, Lucca e Cristian, nenhum deles titular, fizeram mais, muito mais. Fizeram 6 a 1 no São Paulo.
Não bastasse a goleada história e impiedosa, Cássio, o único titular remanescente do bicampeonato mundial, ainda defendeu um pênalti cobrado por Alan Kardec, cujo gol, pelo Vasco, em 2007, praticamente derrubou o Corinthians e, na quinta-feira passada, marcou duas vezes para tirar o Galo do páreo.
O jogo foi de um time só, do campeão brasileiro de 2015, agora com 80 pontos e 70 gols, saldo de 42.
Um chocolate como poucas vezes se viu num clássico do futebol mundial, desses que serão lembrados para sempre, como o 7 a 1 no Santos, para não falar de outro num momento destes.
Falar de Tite é chover no molhado, mas obrigatório.
A confiança dele no padrão que estabeleceu para o time é tamanha que pôs para jogar dois laterais que não jogavam havia tempo (Fágner e Uendel); não escalou o paredão Gil, para poupá-lo, além de Elias e Renato Augusto, todos vindo de jogos na terça-feira e na quinta; mas deixou de fora também Jadson e, se não bastasse, Vágner Love.
O veterano Danilo entrou para fazer 90 minutos e coroou sua participação com o passe de calcanhar para Lucca fazer 4 a 0, no segundo tempo.
Ah, sim, porque o vareio de bola foi na base do vira três acaba seis, como se seis fosse um número mágico no ano do hexa.
Lucca e Romero nos lugares de Love e Malcom parecia um exagero. Qual o quê!
Os dois jogaram uma barbaridade e o quase pequeno paraguaio ainda fez um gol de cabeça no grandão Lucão, que de aumentativo só tem o nome e talvez preferisse se chamar Lucca.
Com seis (olhaí de novo) pontos a ainda a disputar, o Corinthians precisa de apenas mais um, contra o Sport, no Recife, ou, em Itaquera, contra o Avaí, para passar a ter a melhor campanha da história do Brasileirão com 20 times em pontos corridos.
O corintiano gosta de cantar que é maloqueiro e sofredor, embora não tenha sofrido quase nada neste campeonato e agora desfrute de uma casa que chama de Palácio de Mármore.
Desde 1990, quando comemorou seu primeiro Brasileirão, tem festejado o título do campeonato mais importante do país, em média, a cada quatro anos, para não falar de Libertadores, Mundiais de Clubes, Recopa Sul-Americana, cuja importância maior esteve exatamente no fato de ter sido obtida contra o São Paulo.
Imagine o dia em que o futebol corintiano tiver uma administração profissional de cima abaixo, com capacidade de explorar o que o maior mercado consumidor do Brasil pode proporcionar.
Aí se poderá cumprir o que um dia foi prometido e ficou na promessa: fazer do Corinthians uma das maiores potências do futebol mundial.
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