Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Palmeiras no alto da gangorra
Não fosse pela besteira de alguns de seus torcedores e o Palmeiras estaria com dois pontos de vantagem sobre o Inter na liderança do Brasileirão, porque teria vencido o Coritiba no meio da semana se os sinalizadores não o atrapalhassem e acabassem por causar o empate nos acréscimos.
Anteontem o Palmeiras passou tranquilo pelo Santa Cruz e amanhã deve repetir a dose contra o América na 10ª rodada que levará o Inter ao Paraná para enfrentar exatamente o Coritiba.
Dirá o corintiano que o 3 a 1 palmeirense sobre o Santinha foi igual ao do Corinthians sobre o Botafogo, mas não foi.
O Alvinegro sofreu para vencer o time carioca mais fraco que o pernambucano e parece viver inferno astral, depois de perder Felipe para o Porto, o homenageado Tite para a CBF, e Elias, Walter e Cássio para o departamento médico, com o Galo pela frente depois de amanhã, no Mineirão.
Recém-chegado, Cristóvão Borges merecia melhor sorte.
Quem não mereceu a sorte que teve foi o São Paulo no empate 2 a 2 com o Flamengo, dominado pelos cariocas e abençoado por bola na trave e pênalti perdido já nos acréscimos.
A gangorra do Brasileirão tem um candidato a se firmar no topo enquanto os demais continuarão no sobe e desce. Este candidato se chama Palmeiras.
PEDRA CANTADA
Assim que o Brasil ganhou dos Estados Unidos o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016, com o Rio de Janeiro de Sérgio Cabral Filho superando a Chicago de Barack Obama, aqui foi dito que as duas extraordinárias vitórias do então presidente Lula corriam o risco de se transformar em tiros pela culatra.
A megalomania prevalecera na busca de um lugar para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU e sediar os dois maiores megaeventos do planeta seria o gol a ser atingido com a "Copa das Copas" e a melhor Olimpíada de todos os tempos.
Não havia como deixar de ser cético, com ambos os projetos liderados por Ricardo Teixeira e Carlos Nuzman. Não deu outra.
Pagamos o preço de ter feito uma Copa do Mundo recheada de promessas descumpridas e uma manada de elefantes brancos, embora, sem dúvida, o mundo tenha aprovado a Copa.
Que um dia a organização da Olimpíada enfiaria a faca nas costas da viúva era mais que certo.
O dia chegou, a menos de dois meses da Rio-16, igual ao que aconteceu no Pan-2007. Era óbvio e não precisava ser adivinho para prever.
Afinal, Nuzman e Cabral eram elementos comuns ao Pan e aos Jogos, acrescidos de seguidores do governador como o "experto" Eduardo Paes.
A tática é velha: ou jorra dinheiro público para terminar o que foi mal começado ou o país passará por um vexame internacional. O sonho do assento na ONU vira vaga na terceira divisão mundial.
Que venham as obras emergenciais, as licitações postas a escanteio, o batido dó-ré-mi-fá-sol-lá-si-em que o dó é a dó de nós mesmos, quase de Odebrechet, e o si é da Cyrela.
Enfim, é como já foi dito: a Olimpíada é uma ótima oportunidade para um país fazer propaganda de si mesmo. Com o risco de fazer um mau anúncio. O que veremos?
Para Barcelona-1992 foi muito bom.
Para Atenas-2004, muito ruim.
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