É secretária de Redação da sucursal da Folha em Brasília. Atuou como repórter na cobertura de temas econômicos. Escreve aos sábados.
Surpresa causada por relator deixa dúvidas sobre voto pela cassação
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Herman Benjamin, o ministro relator da ação contra a chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral |
BRASÍLIA - Algumas horas antes de entrar no plenário do TSE na última terça-feira (4), o ministro-relator da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, Herman Benjamin, pintava-se para a guerra.
Na bolsa de apostas do mundo político e jurídico, o juiz de Catolé do Rocha (PB) —notório por seu rigor e vaidade— desferiria naquela manhã um vigoroso relatório, constrangendo os acusados no processo, em especial o presidente Michel Temer. Apesar de toda a chicana previamente especulada de questões de ordem, preliminares e pedido de vista para retardar o caso, o primeiro lance do julgamento seria épico.
O leão miou.
Isolado e sob pressão de seus colegas, Benjamin anteviu a derrota. Fugindo do roteiro ensaiado, nem sequer leu seu relatório. Aceitou tratar de questão de ordem apresentada por advogados e, num ato que intitulou de pragmático, ampliou o prazo para defesa, sendo ainda assim vencido no novo período fixado. Surpreendeu também ao trazer para o pleno a possibilidade de oitiva de testemunha, reabrindo a fase de instrução.
O ministro temia que um embate sobre o prazo travasse a ação, com algum pedido de vista. Temia ainda a acusação de macular o processo com nulidades por cercear a defesa.
A lavada que tomou no plenário deu ao Palácio do Planalto a quase certeza de que, se o julgamento tivesse sido levado a cabo ali, Temer teria votos e se livraria da espada de Dâmocles (aquela, suspensa por um fio). Ministros tidos como contrários ao presidente foram refratários às alegações preliminares do relator.
Não que isso importe mais. A sessão que retomará a análise do caso contará com nova composição da corte e placar pró-Temer ampliado.
Se o julgamento ficará para as calendas ou será decidido neste semestre (como agora demonstra querer o Planalto), também parece ter menos relevância em Brasília desde terça.
A curiosidade que persiste é se o leão rugirá da próxima vez.
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