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Kennedy Alencar

 

12/09/2008 - 01h45

Gilmar, Morales, Dunga e Maluf

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, fez muito bem ao recusar o convite da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Grampos. Afinal, ministro do Supremo tem mesmo de evitar palanques políticos --natureza legítima das CPIs.

O Congresso é um espaço de disputa no sentido nobre (debates sobre políticas públicas) e até no sentido menor, digamos assim, quando há embates partidários e luta pelo poder. Gilmar, portanto, fez bem ao se preservar.

A figura de presidente do Supremo é muito importante. O tribunal é o guardião da Constituição. O Supremo é uma instituição da democracia que está aí para proteger a cidadania, podendo dizer não até mesmo ao poderoso presidente da República, seja ele ou ela quem for.

Por isso, é estranho que Gilmar Mendes não tenha o mesmo cuidado com as instituições ao falar que o Brasil virou um Estado policial, ao difundir que existe uma usina incontrolável de grampos e ao acusar um órgão do Executivo de espioná-lo ilegalmente.

O Brasil não é um Estado policial --é uma democracia com instituições funcionando normalmente. Há ampla controvérsia a respeito da existência de uma usina incontrolável de grampos. E a tese de espionagem ilegal feita por um ou mais órgãos do governo ainda carece de comprovação.

É estranho porque o cidadão Gilmar Mendes tem todo o direito de se sentir vítima de uma conspiração, de se indignar contra abusos, de botar a boca no trombone. Mas o presidente do Supremo não tem esse direito.

O presidente do Supremo precisa ter mais cuidado ao fazer acusações, ao entrar em debates típicos da política eleitoral e congressual e ao chamar "às falas" outras autoridades.

Gilmar Mendes é um homem que merece respeito. Tem o mérito de remar contra a maré. Mas tem agido mais com o fígado do que com a cabeça. E, assim, presta um desserviço à democracia.

*

Crise no subcontinente

Evo Morales, com seus arroubos radicais, com seus flertes chavistas, acabou se metendo em muita confusão. Essa inabilidade ajuda a explicar a crise atual, mas Morales é presidente eleito e reconfirmado em plebiscito, dentro das normas constitucionais da Bolívia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está certo ao subir o tom contra a oposição boliviana, sinalizando que o Brasil não aceitará golpe de Estado na Bolívia.

Ao mesmo tempo, Lula aconselha Morales a deixar uma porta aberta para um entendimento com a oposição. Se tiver juízo, Morales seguirá os conselhos do moderado Lula e fugirá das palavras e gestos de apoio do incendiário Hugo Chávez, presidente da Venezuela.

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Gangorra emocional

No jogo contra o Chile, o Brasil jogou mal os primeiros 20 minutos. Os chilenos perderam um gol debaixo da trave. Depois, o Brasil fez três a zero numa partida que foi tensa para o torcedor na maior parte do tempo.

O resultado serviu para dar uma resposta à crítica acertada de Lula sobre o futebol ruim e preguiçoso do Brasil em Pequim. Mas veio o jogo contra a Bolívia. E o Brasil voltou a ser o que tem sido. Um time sem brilho, com jogadores que erram passes básicos, com estrelas que fecham os olhos para os erros de outras estrelas, com uma falta de objetividade, para usar um chavão, de enlouquecer torcedores.

Registro: é injusto atribuir a Dunga a culpa pela seleção que temos. Ele até ficou mais simpático ao comprar algumas brigas com setores da imprensa. Mas tem mais gente culpada por esse futebol sem graça, sem resultado, sem vontade.

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Imperdível

O ato falho mais bacana do debate da TV Bandeirantes foi Paulo Maluf dizer que Soninha não poderia citar o nome de corruptos e corruptores em sua gestão como prefeito porque não ela foi vereadora a seu tempo. Se tivesse sido...

Kennedy Alencar

Kennedy Alencar escreve no site às sextas. Na rádio CBN, é titular da coluna "A Política Como Ela É", que vai ao ar no "Jornal da CBN" às 8h55 de segunda a sexta. Na RedeTV!, apresenta os programas "É Notícia" e "Tema Quente".

 

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