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Kennedy Alencar

 

29/10/2011 - 07h02

Dilma Dinamite

A dois meses do Ano Novo, está quase nítida a fotografia do primeiro ano de Dilma Rousseff na Presidência.

Obviamente, é ruim perder tantos ministros em tão pouco tempo. Foram oito mudanças no primeiro escalão.

Cinco ministros deixaram seus postos devido a suspeitas de corrupção. Em todos os casos, havia de fumaça a batom no colarinho. Com a ressalva de que o mais ingênuo em Brasília se livra das meias sem tirar os sapatos, é justo dizer que Orlando Silva pagou por um erro que é mais do PC do B como um todo do que dele em particular.

Nelson Jobim caiu da Defesa por insubordinação. Comentários inábeis e francos sobre colegas levaram a presidente a achar que se tratava de sabotagem pura e simples. Mas o fato é que um não se entendia bem com o outro. O desfecho foi um alívio para ambos.

Dois outros ministros trocaram de posição porque a presidente errou na montagem da chamada cozinha do Palácio do Planalto. Deu poder demais a Antonio Palocci Filho, transformando-o num espécie de primeiro-ministro e num alvo cobiçado. A solução foi nomear Gleisi Hoffman (PT-PR) para seu lugar na Casa Civil.

A presidente também pagou um preço alto por deixar na articulação política um deputado federal de pouca expressão. Brincou com o perigo: uma crise com o PMDB beirou o incontornável. Para arrumar essa área, a saída possível foi deslocar Ideli Salvatti da insignificante pasta da Pesca para substituir Luiz Sérgio na Secretaria de Relações Institucionais. E Luiz Sérgio seguiu para o exílio na Pesca.

Esse número de alterações no ministério tem alguns efeitos. O pior deles: paralisar o governo. É conversa fiada quando o Palácio do Planalto diz que está tocando a vida normalmente, apesar de uma crise. Nunca está. Tudo para. Faz-se uma cerimônia aqui, uma viagem ali, mas a paralisia toma conta.

O segundo efeito negativo é a instabilidade política. A agenda legislativa de Dilma tem poucas e simbólicas boas notícias, como a criação da Comissão da Verdade e uma nova lei de acesso a informações públicas. É uma agenda modesta para um primeiro ano, no qual o presidente tem capital para exigir mais do Congresso. Provas disso são a provável derrota no Código Florestal e o misto de omissão e tibieza na briga dos Estados pelos royalties do petróleo.

No entanto, Dilma colheu um efeito positivo. A percepção de que lidou com as acusações de corrupção com intolerância rara no nosso presidencialismo meio parlamentarista. Tolerância irrealista para alguns, pedagógica para outros. É verdade também que ela mais reagiu à imprensa do que caçou os ditos malfeitores.

Vamos esperar pesquisas novas para ver o efeito em sua popularidade desses casos de corrupção. Aposta: para o grande público, colou a imagem de uma presidente que trata com seriedade e rédea curta os males da política.

*

A MAIS IMPORTANTE

A decisão de Dilma de maior impacto na vida das pessoas está na economia: comprou a briga pela redução dos juros, com todos os riscos que a contenda traz. Houve uma mudança na política monetária que merece crédito.

O voluntarismo no discurso de alguns auxiliares foi contido. O mérito das decisões do Banco Central é inegável. O governo decidiu conviver com uma inflação mais alta em nome do crescimento econômico. Agora, é uma questão de dosagem para não desarrumar a economia.

*

A MAIS NECESSÁRIA

Na área social, merece nota o plano de combater a miséria. É mais um passo adiante do Brasil para resgatar sua principal dívida.

Kennedy Alencar

Kennedy Alencar escreve no site às sextas. Na rádio CBN, é titular da coluna "A Política Como Ela É", que vai ao ar no "Jornal da CBN" às 8h55 de segunda a sexta. Na RedeTV!, apresenta os programas "É Notícia" e "Tema Quente".

 

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