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kenneth maxwell

 

18/04/2013 - 03h30

Leste e Oeste

Duas fragatas e um navio de suprimento da 13ª Força Naval da Marinha chinesa, comandados pelo vice-almirante Li Xiaoyan, entraram no rio Tejo segunda-feira de manhã para uma visita a Lisboa.

O ano de 2013 marca o 500º aniversário da chegada do primeiro navegador português, Jorge Álvares, ao rio Pérola, na China.

As belonaves chinesas tinham acabado de encerrar um período de quatro meses de operações no oceano Índico como parte da força-tarefa que combate os piratas da Somália. Em seguida, visitaram Malta, Argélia, Marrocos e, depois de Portugal, irão à França. A embaixada chinesa em Lisboa afirmou que o 500º aniversário da visita de Jorge Álvares à China era "apenas coincidência".

China e Portugal, porém, desfrutam de um relacionamento cordial desde que Macau foi restituída à China, em 1999. Macau tem se esforçado para preservar sua herança portuguesa, nem que apenas para que os turistas chineses possam contemplá-la a caminho dos florescentes cassinos da cidade. Portugal hoje exporta mais para a China do que para o Brasil.

O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, está na América do Sul nesta semana em visita a Juan Manuel Santos, na Colômbia, e a Ollanta Humala, no Peru. Cavaco Silva viajou acompanhado por uma delegação de 50 empresários e quer encorajar o comércio e o investimento.

A Colômbia, especialmente, está aproveitando sua estabilidade e prosperidade nascentes e voltando suas atenções para o Pacífico. O comércio com a China responde por 42% das exportações colombianas, e o comércio com a Índia por 17%. A Colômbia é o único país sul-americano com acesso aos oceanos Atlântico e Pacífico.

O Brasil, depois de bloquear com sucesso a ideia norte-americana de uma Área de Livre-Comércio das Amé- ricas, agora aderiu aos esforços de criação de uma área de livre-comércio entre os Estados Unidos e a União Europeia, por meio de preparativos para concessões.

Resta, contudo, o obstáculo dos subsídios europeus à agricultura, e qualquer acordo de livre-comércio entre os Estados Unidos e a União Europeia seria altamente contencioso no Congresso norte-americano.

É irônico que, se a dinastia Ming tivesse persistido nas viagens ultramarinas ao oceano Índico comandadas por Zheng He --que, em 1433, aparentemente chegou a Malinda, na costa leste da África, pouco antes que Gil Eanes passasse o cabo Bojador, do lado oposto do continente--, juncos chineses e caravelas portuguesas talvez pudessem ter se encontrado no cabo da Boa Esperança antes do final do século 15.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

kenneth maxwell

Kenneth Maxwell é historiador britânico graduado em Cambridge (Reino Unido) com doutorado em Princeton (EUA). Referência na historiografia sobre o período colonial brasileiro, foi diretor dos estudos latino-americanos no Conselho de Relações Exteriores (NYC) e diretor de Estudos Brasileiros na Universidade Harvard (EUA). Escreve às quintas.

 

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