É coordenador do Movimento Brasil Livre.
Força das ruas se converteu em vitória nas urnas
Fabio Braga/Folhapress | ||
Fernando Holiday, 20, um dos lideres do MBL, recém eleito vereador pelo DEM |
Tenho visto muitos analistas políticos falando sobre a força do antipetismo nas eleições de 2016. É fato que o PT perdeu 60% das prefeituras e, em São Paulo, a maior capital do país, o partido nem conseguiu disputar o segundo turno, mas as urnas mostram uma questão muito mais profunda.
A eleição de João Doria, por exemplo, representa mais do que uma mera consolidação do antipetismo das urnas. Ela mostra que a população se cansou dos quadros tradicionais da política, mas, ao mesmo tempo, não quer eleger um aventureiro qualquer. O discurso do tucano enfatizou tanto sua diferença em relação aos concorrentes como sua experiência no setor privado. Além disso, Dória fez questão de defender abertamente e sem nenhum receio privatizações e parcerias público-privadas, coisa que seus colegas de partido ainda evitam.
O desempenho das candidaturas de coordenadores do Movimento Brasil Livre também indica o mesmo. Oito candidatos a vereador se elegeram –três em capitais. Outros seis, na suplência, provavelmente irão assumir. Fernando Holiday (DEM) é o vereador eleito mais jovem da cidade de São Paulo, sendo um dos mais votados e com uma das campanhas mais baratas. Nenhum dos membros do MBL tinha ocupado cargos eletivos antes. Porém, os eleitores não os enxergaram como uma aposta, mas como a continuação de um trabalho que já vinha sendo feito nas ruas.
Há uma crise de representatividade que independe do antipetismo. O repúdio não é apenas contra o PT, é contra os velhos discursos demagógicos que prometem mundos e fundos para o eleitor, mas que não podem ser postas em prática. O eleitorado entendeu que as promessas de milhões de hospitais e escolas são absolutamente vazias. Mais: a população se cansou do velho "rouba, mas faz". Nunca houve tanta intolerância com a corrupção. Há um claro anseio por um novo discurso, um discurso responsável, um discurso possível, um discurso liberal.
Essas eleições mostraram que a população não se cansou apenas de um partido, mas de um método de governo. E elas devem servir como norte para Temer deixar de ser tão hesitante e conduzir com firmeza reformas estruturantes e necessárias, como a trabalhista e a previdenciária.
Esse desenho também deve guiar os partidos para a eleição presidencial de 2018. Aqueles que tomaram as ruas pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff querem continuar a mudança nas urnas. Não basta que o candidato seja antipetista; ele tem de possuir um programa de governo que esteja de acordo com os novos anseios da população. Aqueles que aspiram à Presidência da República que se preparem: esse programa, sem dúvidas, passa pelo liberalismo.
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