É coordenador do Movimento Brasil Livre.
Janio de Freitas vive num mundo paralelo
Evaristo Sá - 16.nov.2016/AFP | ||
Temer e ministros durante reunião do Cone Sul sobre segurança nas fronteiras, em Brasília |
Janio de Freitas acha ruim que ministros de Temer tenham caído em tão pouco tempo.
Talvez ele quisesse que, mesmo depois dos áudios que revelaram conversas pouco republicanas sobre a Operação Lava Jato envolvendo Romero Jucá e Fabiano Silveira, da delação que acusou Henrique Alves de ter recebido propina e do escândalo imobiliário de Geddel, todos eles tivessem permanecido na Esplanada dos Ministérios. Ou melhor: que Temer tivesse nomeado um aliado apenas para garantir-lhe foro privilegiado, como Dilma fez quando indicou Lula à Casa Civil.
Freitas pergunta se "foi para isso" que "a direita marchadora" quis o impeachment. Sim, foi para isso. Para que a lei fosse cumprida. Para que a elite política lembrasse quem a colocou lá. Para que a corrupção voltasse a ser motivo para derrubar ministros e não desculpa para nomeá-los.
O jornalista ainda chama Dilma de "presidente de reconhecida honestidade", insistindo na imagem de "guerrilheira incorruptível", criada em torno da petista para enganar a militância quadrúpede.
Pena que essa honestidade não é reconhecida por pessoas como os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró, o doleiro Alberto Youssef, o ex-senador Delcídio do Amaral, o ex-deputado federal Pedro Corrêa, o marqueteiro João Santana e os empreiteiros Ricardo Pessoa (UTC), Otávio Azevedo (Andrade Gutierrez) e Marcelo Odebrecht, que, juntos, citaram a ex-presidente mais de dez vezes em depoimentos à Operação Lava Jato.
Aqueles que foram às ruas para lutar pelo impeachment de Dilma Rousseff não escolheram Michel Temer. Quem escolheu foi a Constituição. Eu sei que, para quem está acostumado a colocar as vontades do partido acima da lei, isso é difícil de entender, mas é a realidade.
De qualquer maneira, o governo Temer está sendo infinitamente melhor do que os governos petistas. Para começar, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto foi aprovada. O país firmou um compromisso com a responsabilidade fiscal que vai além do atual governo.
Vale lembrar que, até algum tempo atrás, a regra era gastar, gastar e gastar para "estimular a economia.". O governo também conseguiu aprovar a reforma do ensino médio, que dá maior poder de escolha aos estudantes e estava travada há anos. Além disso, temos a perspectiva de debater reformas como a trabalhista, tributária, política e previdenciária, questões cuja discussão tinha sido praticamente criminalizada pelo PT.
Temer não é o político dos sonhos, mas foi eleito vice-presidente com 54 milhões de votos. É a democracia. Em 2018, poderemos substituí-lo, como determina a Constituição, por alguém que esteja, na medida do possível, de acordo com as nossas convicções. Até lá, podemos e devemos criticar os erros do governo, assim como elogiar seus acertos.
Qualquer coisa fora disso, caro Janio, é desonestidade intelectual. Ou golpe.
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