É coordenador do Movimento Brasil Livre.
Políticos eleitos pelo MBL estão mostrando a que vieram
Fabio Braga/Folhapress | ||
Fernando Holiday, 20, um dos integrantes do MBL, eleito vereador em São Paulo |
A despeito da crença de muitos de que é impossível atuar na política institucional sem "se corromper", os coordenadores do MBL que se elegeram nas eleições de 2016 estão mostrando que é possível, sim, fazer diferente.
Fernando Holiday (DEM), vereador mais jovem da história da cidade de São Paulo, é o exemplo mais evidente. Antes mesmo de assumir, criticou o aumento de salário que foi aprovado pela Câmara Municipal ao fechar das cortinas de 2016, chamando a votação pelo seu nome: acordo de canalhas.
Para dar o exemplo e mostrar que o barulho que fazia quando militante não era apenas discurso, não só negou o aumento como cortou seu salário em 20%, dinheiro que será doado a instituições de caridade. Além disso, abriu mão de carro oficial, motoristas e de 50% de sua verba de gabinete. Todos esses cortes representam uma economia de R$ 4 milhões em quatro anos.
A atitude de Holiday constrangeu alguns de seus colegas, que, mesmo tendo votado pelo aumento no ano passado, decidiram abrir mão dele neste ano.
Além disso, o vereador pretende quebrar o velho discurso do "apresentei centenas de projetos, aprovei dezenas de leis", que coloca a quantidade de leis aprovadas como parâmetro para medir a qualidade da atuação dos políticos, com uma iniciativa apelidada de "Revogaço". Ele está coletando assinaturas para formar uma comissão que analisará projetos aprovados pela Câmara Municipal desde a década de 80 para revogar leis que sejam inúteis ou que só imponham dificuldades para a vida do paulistano.
Na mesma linha, a vereadora Carol Gomes (PSDB), do município de Rio Claro, no interior de São Paulo, está combatendo um projeto que visa aumentar o número de assessores que os vereadores podem contratar, passando de dois para três.
Inicialmente, todos os seus colegas eram a favor, sem imaginar que alguém fosse contra. Quando Carol se posicionou publicamente contra o projeto, foi retaliada por quase todos os seus colegas. Ameaçavam barrar todos os seus projetos. O texto foi aprovado, mas foi imediatamente bloqueado pela Justiça a pedido do Ministério Público. A Câmara recorreu, mas o caso acabou repercutindo na cidade, e, após pressão popular, boa parte dos vereadores recuou.
O coordenador do MBL de Itu –também no interior de São Paulo– e secretário municipal de Serviços Urbanos, Alessandro Mazaro, o primeiro do movimento a ocupar uma posição no Executivo, ficou horrorizado ao ver a quantidade de cabides de emprego que existiam na secretaria só para acomodar aliados da base de vereadores da gestão anterior. De imediato, cortou o número de diretores de oito para quatro e o de assessores de 14 para um, além de abrir mão do carro oficial e motorista, o que levará a uma economia de mais de R$ 1 milhão de reais por ano.
Pois é. A política institucional não é um bicho-papão que corrompe todos aqueles que se envolvem com ela. É possível, sim, nadar contra a corrente sem se afogar. O discurso fácil de que não vale a pena discutir política porque todo político é ladrão só beneficia velhos coronéis que se elegem e reelegem desde a redemocratização apenas para parasitar e inchar a máquina pública.
Enquanto gente decente ensina aos filhos que político é bandido, pessoas da velha e corrupta classe política ensinam aos filhos que esse é um meio seguro de enriquecer roubando.
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